quinta-feira, 2 de julho de 2009

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

PAUL MORPHY - FINAL



História Do Xadrez Moderno
Paul Morphy 4ª Parte


por Pedro Alcântara


O maior triunfo de Morphy aos olhos do público foi uma exibição de olhos vendados no Régence, quando enfrentou simultaneamente oito dos mais fortes jogadores de Paris.A notícia dessa exibição causou terrível excitação.Ninguém acreditava que mesmo esse gênio do xadrez pudesse, sem ver os tabuleiros, enfrentar com êxito oito jogadores com fôrça quase de mestres. Todos os jornais haviam anunciado que o espetáculo começaria ao meio-dia, mas as salas de jogo do café encheram-se com muita antecedencia. Dominando todos os demais, estava a enorme figura de "Père" Morel, um forte amador e frequentador do café, que era um dos mais ardorosos admiradores de Morphy e responsável pela organização da disputa.Muito preocupado, ele perguntou a Edge se Morphy sabia que os oito jogadores com quem se defrontaria eram realmente dos mais fortes que se podiam encontrar em Paris. Temia um fiasco completo. Os garçons haviam isolado com cordas um espaço para uma grande poltrona, na qual Morphy se sentou confortavelmente. Dois diretores do clube de xadrez anunciavam os lances de seus adversários e as respostas dadas por Morphy. A excitação atingiu um auge quando o jovem americano passou dos lances iniciais para o meio da partida, tabuleiro após tabuleiro, sem cometer um único erro. "Père" Morel, soprando nuvens de seu imenso cachimbo como a fumaçã do Vesúvio, abria caminho entre os tabuleiros, acompanhando cada partida com crescente espanto, e mostrava-se positivamente furioso quando alguém lhe perguntava o que pensava daquilo tudo.Ao entardecer, vendo-o sentado no fundo da sala, evidentemente assombrado pela realização, Edge disse-lhe:"Bem, Sr. Morel, acredita agora que Morphy pode jogar contra oito adversários desses ? Ergueu a cabeça com ar súplice e respondeu: "Por favor, não fale comigo. O Sr.Morphy me faz doer a cabeça." Dois dos jogadores conseguiram o empate. Os outros foram derrotados, um após outro, até restar finalmente apenas "Mounsieur" Seguin, um dos mais fortes amadores da França.Havia declarado abertamente que não acreditava ser possível a alguém derrotá-lo sem ver o tabuleiro.Finalmente, porém, Morphy venceu-o num belo final de Peão e obrigou-o a desistir. Edge descreve dramaticamente o efeito sobre a multidão:"Imediatamente teve início uma cena como eu dificilmente espero testemunhar de novo. Morphy levantou-se da poltrona na qual permanecera quase imóvel durante dez horas consecutivas, sem tomar absolutamente nada, nem mesmo água, durante o tempo todo; apesar disso, estava aparentemente tão descansado como quando se sentara.Os ingleses e americanos, dos quais havia numerosos presentes, emitiram retumbantes aplausos anglo-saxônicos e os franceses acompanharam, ao mesmo tempo que toda a multidão avançou em direção a nosso herói.Os garçons do café haviam tramado uma conspiração para carregar Morphy em triunfo sobre seus ombros, mas a multidão era tão compacta que não puderam aproximar-se dele e tiveram finalmente de abandonar a tentativa.Grandes indivíduos barbudos agarravam suas mãos e quase arrancavam seus braços. Transcorreu quase meia hora antes que ele pudesse sair do café."Père" Morel abriu passagem a força através da multidão e finalmente chegamos à rua. Lá, a cena se repetiu: a multidão era maior fora do que no café e os gritos, se possível, eram mais ensurdecedores.Encaminhamo-nos para o Palais Royal, mas a multidão seguiu-nos e , quando chegamos à casa de guarda da Guarda Imperial, sergents de ville e soldados saíram correndo para ver se uma nova revolução estava em progresso." Todos os jornais de Paris passaram a escrever sobre Morphy. Com os jornais ilustrados publicando retratos seus e com inúmeros artigos a seu respeito nos diários, ele começou a ficar famoso.Saint-Amant escreve que Morphy satisfez uma necessidade havia muito tempo sentida por Paris: a necessidade de um herói.O conhecido escultor Lequesne, forte amador de xadrez que fora um dos oito adversários de Morphy na exibição de olhos vendados, fez seu busto, com tanto amor e entusiasmo a ponto de produzir uma obra-prima que toda Paris procurava ver para cirticar e elogiar.Toda essa notoriedade logo começou a causar excitações nos saloons da sociedade francesa.Repentinamente, duquesas e princesas pareceram lembrar-se de que haviam aprendido a jogar xadrez.Damas da nobreza faziam cair uma chuva de convites sobre Morphy, que foi requestado como poucos jovens antes dele haviam sido. Entre os nobres, conheceu alguns inveterados amadores de xadrez, como o Duque de Brunswick e os Condes Isouard e Casabianca, cuja força no jogo era muito superior à média.Sua Alteza Real, o duque, tinha verdadeira mania pelo jogo e não passava sem um tabuleiro mesmo em seu camarote na ópera italiana, onde Morphy foi muitas vezes como seu convidado.Uma partida entre Morphy e Brunswick, com o Conde Isouard como consultor - uma das jóias conhecidas por todos os aficionados do xadrez - foi jogada naquele camarote durante uma apresentação na "Norma".Morphy gostava apaixonadamente de música e teria preferido assistir à ópera a prestar atenção à partida de xadrez.Todavia, o duque e o conde ficaram voltados para o palco - o camarote era quase sobre ele - embora nem sequer olhassem para os intérpretes.Assim, Morphy, sentado diante do duque, voltava as costas para o palco, para seu grande desgosto e para satisfação de todos os amantes do xadrez. É triste pensar que os triunfos de Morphy na Europa representaram a única felicidade que um destino injusto reservara para ele. Quando regressou aos Estados Unidos, recebeu grandes ovações em toda parte, mas logo verificou - como Philidor, cem anos antes - que as pessoas não acreditavam que um grande artista ou um grande mestre de xadrez pudesse ser bom em outra profissão. Os mesmos homens que orgulhosamente o saudavam como a glória de Nova Orleãs abandonaram-no completamente quando desejou estabelecer-se como advogado, embora tivesse abandonado completamente o xadrez e se dedicado exclusivamente a completar seus preparativos para uma carreira jurídica. O choque dessa descoberta foi muito intensificado pela atitude de uma atraente jovem da sociedade de Nova Orleãs, por quem ele se apaixonara, e que recusou casar-se com "um mero jogador de xadrez". Morphy não era um lutador.A atitude desatenciosa e cruel do mundo oprimiu tanto seu espírito que, pouco a pouco, ele ficou mentalmente perturbado.Adquiriu uma mania de perseguição e raramente saía da casa de sua mãe, a não ser para dar um passeio ao longo da Canal Street, a avenida que separa o bairro creole de Nova Orleãs do resto da cidade.Nessas ocasiões , às vezes fitava moças bonitas que passavam e segredava-lhes algumas palavras nos ouvidos.Meu bisavô , pai de meus avós paternos nesta ocasião morou em Nova Orleãs e contava que via Morphy com frequencia nas ruas daquela cidade, sempre impecavelmente vestido, e sentia-se penalizado porque ele nunca sorria, sofrendo aparentemente de uma grande tristeza.Certa vez, fê-lo parar e segredou-lhe alguma coisa a respeito de um Bispo, sem dúvida um lance de uma peça de xadrez. Morphy morreu aos quarenta e sete anos de idade, em resultado do que foi provavelmente um acidente. Depois de andar sob o sol quente, tomou um banho frio e foi encontrado morto na banheira.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Paul Morphy III parte


História Do Xadrez Moderno
Paul Morphy 3ª Parte


por Pedro Alcântara


Morphy chega à França


Harrwitz, natural de Breslau como Anderssen, vivia em Paris e passava praticamente todo o seu tempo no Café de la Régence.Era um indivíduo sarcástico e arrogante, tão antipatizado pela maioria dos aficionados franceses de xadrez quanto Staunton por seus colegas ingleses. Os dois haviam certa vez disputado um match em Londres e os assistentes tiveram o raro deleite de ouvir as observações depreciativas e sarcásticas com que os dois antagonistas se invectivavam, como dois antigos heróis gregos antes de começarem a lutar.Em uma das partidas dessa competição, Harrwitz fez um lance que causou considerável desconforto a Staunton.Este virava-se em sua cadeira, batia energicamente com a mão na testa e dava aos espectadores a impressão de que seu cérebro estava em agonia.Quanto mais examinava sua posição menos parecia apreciá-la.Finalmente, ao mover uma peça, rugiu furiosamente: "Bem, perdi um lance!" Harrwitz levantou-se friamente de sua cadeira, chamou um garçom e disse-lhe: "Procure um lance por aí ! O Sr.Staunton perdeu um". Quando Morphy apareceu no Régence logo conquistou a simpatia dos jogadores franceses por sua atitude modesta e despretensiosa, e por sua disposição de jogar, com quem quer que o convidasse para uma partida.Harrwitz estava fora, numa viagem de exibições, da qual voltaria alguns dias depois.Enquanto isso, Morphy jogou algumas partidas com outros destacados enxadristas franceses e derrotou-os facilmente.Quando Harrwitz reapareceu no café, as duas celebridades foram apresentadas uma à outra.Morphy imediatamente propôs um match. Harrwitz aceitou, estipulando que as partidas deveriam ser jogadas no Régence e que quem vencesse primeiro sete partidas seria considerado vencedor. Morphy, arrebatado pelo encanto da vida noturna de Paris , acostumara-se a ir para a cama de madrugada. Estupidamente, insistiu em continuar fazendo o mesmo, inclusive na noite anterior ao início da competição. Harrwitz, que dava a saída na primeira partida , castigou-o solidamente, com visível desapontamento dos numerosos espectadores que estavam todos rezando pela vitória de Morphy.O mesmo aconteceu no dia seguinte. Apesar dos conselhos de seus amigos, Morphy ficou fora até quatro horas da madrugada.À tarde, após ter obtido uma posição vencedora da partida, foi dominado pelo cansaço, fez alguns lances fracos e Harrwitz sagrou-se novamente vencedor. Durante toda a partida, este último assumira uma atitude de divertido desprezo.Quando Morphy desistiu, levantou-se de sua cadeira, tomou a mão do jovem e sentiu-lhe o pulso. Depois, disse rindo para a multidão:"Bem, isto é muito espantoso.Seu pulso não bate mais depressa do que se tivesse vencido a partida!" Todos ficaram enojados com essa infantil manifestação de vaidade, mas Morphy limitou-se a sorrir e dizer para seu "segundo": "Como ficarão espantados todos esses homens quando Harrwitz não vencer mais uma única partida !" E foi o que aconteceu.Morphy prometeu estar na cama todo dia antes da meia-noite durante a competição e cumpriu a promessa.Venceu a terceira e quarta partidas em belo estilo. O efeito sobre Harrwitz foi interessante.Mostrou-se extremamente nervoso na quarta partida, muitas vezes tremendo violentamente quando estava para fazer um lance. Do outro lado do tabuleiro sentava-se Morphy, parecendo, segundo uma testemunha visual , um bloco de mármore vivo, a própria encarnação da penetração e decisão. Harrwitz perdeu também a quinta partida, embora tivesse o primeiro lance.Pediu uma interrupção de alguns dias, alegando doença.De nada adiantou.A sexta partida foi igualmente ganha por Morphy. Afirmando que precisava de mais repouso, Harrwitz adiou de novo o prosseguimento da competição. Quando foi reiniciada a disputa, empatou uma partida e perdeu outra. Nesse ponto, com uma contagem de 5 1/2 a 2 1/2 contra ele, desistiu "por motivo de doença", como digno êmulo de Staunton. Foi como uma lufada de ar fresco quando Anderson apareceu durante a semana do Natal daquele ano, para disputar o match para o qual Morphy o convidara, em qualquer base que o jovem americano desejasse estipular. Como Morphy, Anderssen não se interessava por lucro financeiro, mas apenas por sua reputação como o maior jogador da Europa.Concordaram em jogar até que um dos dois tivesse ganho sete partidas. Morphy estava bem doente quando Anderssen chegou.Estivera da cama vários dias e sentia-se ainda tão fraco que precisava ser levado para uma cadeira,pois não conseguia ficar em pé sem auxílio de outra pessoa.Todavia, diante da perspectiva de cruzar armas com Andersssen recuperou forças suficientes, em poucos dias, para deixar a cama. As partidas seriam jogadas em seu hotel, pois a caminhada de ida e volta até o Café de la Régence lhe seria muito fatigante. De meia em meia hora, um mensageiro seria enviado para transmitir os lances à multidão reunida no café. Anderssen ganhou a primeira partida e empatou a segunda. Na terceira, Morphy investiu contra ele com um daqueles furiosos ataques que o tornaram famoso.Anderssen cometeu um erro e foi derrotado em vinte lances.Que contraste apresentou em relação a Staunton e Harrwitz ! Permaneceu sentado olhando para a lamentável posição em que Morphy o colocara, com a fisionomia toda radiante de admiração pela estratégia de seu adversário.Riu e disse: " Você fez isto tão rápidamente que bem poderíamos começar outra partida".Perdeu também essa, assim como outras tres em seguida.Empatar uma e vencer mais uma foi tudo quanto conseguiu realizar antes que Morphy atingisse a contagem de sete vitórias, que assinalava o término do match. Todo dia, depois de cada partida, Anderssen caminhava até o Régence para escrever um relatório destinado a seus amigos na Alemanha.Lá havia sempre multidões à sua espera, para consolá-lo ou elogiá-lo.Um de seus admiradores, recordando-lhe a "imortal partida" que jogara contra Dufresne apenas alguns anos antes, disse-lhe:" Você absolutamente não está jogando tão bem quanto jogou contra Dufresne".Anderssen sorriu e respondeu: " Não, Morphy não me deixa.Ele sempre faz exatamente o lance melhor. E, se uma ou duas vezes escolhemos apenas uma resposta que seja a segunda melhor, estamos certos de perder".


continua...


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Paul Morphy parte II



História Do Xadrez Moderno
Paul Morphy 2ª Parte


por Pedro Alcântara


Os europeus são congenitamente céticos quando ouvem dizer que um americano se destacou num terreno cultural. Para um inglês, acreditar que um jogador de xadrez americano pudesse derrotar seus mestres era o mesmo que admitir a possibilidade de um escritor americano produzir uma obra-prima literária. Quando chegou aos clubes londrinos a notícia da vitória de Morphy, o consenso geral foi que os adversários do jovem provavelmente estavam muito abaixo do padrão europeu de jogadores de torneio. Lowenthal, depois de regressar de sua visita aos Estados Unidos, escrevera no jornal The Era sobre o progresso do xadrez americano, mas os jogadores ingleses não levaram muito a sério o artigo. É interessante notar o que Lowenthal tinha a dizer: "O progresso feito pelo xadrez na América é quase, se não tanto, igual ao que se conseguiu na Inglaterra. Isso é mais do que se poderia esperar; pois é de supor-se que, num país relativamente novo, os homens sejam mais atarefados e mais inquietos do que numa nação velha e parece bem contra as probabilidades que na América um jogo exigindo sereno pensamento e estudo se tenha desenvolvido na mesma escala que divertimentos mais animados. Que isso acontece, porém, prova o fato de, em quase toda grande cidade de lá, existir um clube de xadrez e muitos desses clubes estarem em comunicação e jogarem partidas por correspondência. Outra prova é encontrada no número de jornais que dedicam regularmente uma parte de seu espaço ao xadrez e dão, como os jornais ingleses, partidas bem jogadas, com anotações, problemas e informações sobre xadrez... Devemos prestar certa atenção ao xadrez na América se pretendemos conservar verdes nossos louros.Os homens do Novo Mundo não estão habituados a ficar para trás quando se empenham em qualquer empreendimento e, se não tomarmos cuidado, é bem possível que o próximo campeão de xadrez venha do far west. Que isso ia em breve acontecer, efetivamente, era coisa que nem mesmo Lowenthal previa. Foi o primeiro a desafiar Morphy para um encontro. Jogaram doze partidas, das quais Morphy ganhou nove e perdeu três. Além da inquestionável superioridade demonstrada pelo resultado que obteve, e que Lowenthal reconheceu sem hesitação, Morphy pareceu levar uma estranha vantagem psicológica sobre seu adversário. Como disse um dos comentaristas: "Esse rapas de vinte e um anos, cinco pés e quatro polegadas de altura, de figura esguia e rosto como o de uma jovem adolescente, positivamente apavora os guerreiros do xadrez de nosso país - Narciso desafiando Titãs". The Era prestou a Morphy o seguinte tributo: na manchete: " FINAL DA GRANDE COMPETIÇÃO DE XADREZ" O encontro entre o Sr. Morphy e Herr Lowenthal chegou ao fim sábado, com o americano conquistando a vitória. Embora fosse universalmente observado que Herr Lowenthal jogou muito aquém de sua força habitual, deve-se admitir, ao mesmo tempo, que o jogo do Sr. Morphy qualifica aquele cavalheiro como um dos melhores jogadores do mundo. Teremos prazer em vê-lo enfrentar outros grandes jogadores europeus, a fim de que possa ficar provado quem é mais forte no jogo, o Velho ou o Novo Mundo. Acreditamos que o Sr. Morphy está disposto a desafiar todos os que se apresentarem. Há algo de extraordinariamente romântico e cavalheiresco neste jovem que vem à Europa e lança a luva a todos os nossos veteranos. Ele é sem dúvida um admirável Crichton do xadrez e, como o consumado escocês, ele é tão cortês e generoso quanto bravo e competente. Morphy sentia-se, naturalmente, muito ansioso por enfrentar Staunton num match. O último, porém, continuava tão cioso de sua reputação quanto sempre e, embora não recusasse abertamente jogar, sempre encontrava alguma razão para retardar a data do encontro. Staunton jogou com Lowenthal num forte torneio em Birminghan, apenas uma semana depois do término do match entre Morphy e Lowenthal. Este venceu o torneio, derrotando Staunton em partidas individuais. Como ele já havia reconhecido francamente Morphy como um jogador melhor, mesmo aqueles em cuja opinião Staunton era talvez o único homem adequado para enfrentar o americano mostravam-se agora dispostos a admitir que o campeão inglês provavelmente perderia a competição.Com efeito, diversos jogadores ingleses expressavam a opinião de que Staunton encontraria meios de fugir inteiramente ao encontro, como já fizera no caso de Saint-Amant. Essa previsão mostrou-se correta. Staunton recorreu a uma variedade de expedientes, insinuando mesmo que Morphy não tinha quem lhe fornecesse recursos para a bolsa de cinco mil libras que ele estipulara. Morphy depositou o dinheiro em um banco em Londres e enxadristas amadores ingleses, com sua proverbial lealdade esportiva chocada pelos métodos vergonhosos empregados por Staunton para fugir ao encontro, prontificaram-se a apoiar Morphy com 10.000 libras, se necessário, para levar Staunton a jogar. O campeão inglês disse que suas obrigações literárias não lhe permitiam encontrar tempo para o necessário treinamento e Morphy, desgostoso, partiu para a França. Foi acompanhado por F. M. Edge, um seu admirador inglês que se encontrava presente em Nova Iorque quando conquistara seus primeiros louros e que consentiu em servir como seu secretário durante sua estada em Paris, onde Morphy planejava jogar contra Harrwitz e Anderssen, os dois maiores jogadores do continente. Ia começar então uma aventura inesquecível !


continua...

PAUL MORPHY PARTE I



História Do Xadrez Moderno
Paul Morphy 1ª Parte


por Pedro Alcântara







Para muitos historiadores, a história do xadrez começa alguns séculos antes de Cristo. Como a tarefa de contar tantos séculos me parece um tanto quanto carente de escritos e muito resumida, me proponho a narrar uma história do Xadrez Moderno, que para mim começa com... PAUL MORPHY !!

Gênio é uma palavra muito bombástica; todavia se já houve jogador de xadrez a quem coubesse esse atributo, foi Paul Morphy. Nasceu em 1837 e sua aptidão precoce para o jogo foi bem cedo descoberta por seu pai, um juiz da Corte Suprema de Luisiana, que estava bem preparado para ensinar ao menino e que foi bastante inteligente para não permitir que o jogo interferisse em seus estudos. Até completar dezoito anos, o jovem Paul freqüentou a escola na Carolina do Sul e só jogava xadrez quando visitava Nova Orleãs durante as férias. Numa dessas visitas, fizeram-no enfrentar o conhecido mestre húngaro Joachim Lowenthal, residente em Londres. O menino de doze anos venceu duas partidas e empatou uma, sem perder nenhuma. É possível que o mestre tenha subestimado muito o menino e jogado aquém de sua capacidade, mas prognosticou francamente que seu jovem adversário chegaria a rivalizar-se com os mais fortes amadores vivos. Jamais poderia ter imaginado que nove anos mais tarde reconheceria Morphy como o maior mestre que já existira.


Quando Morphy tinha pouco mais de vinte anos, em 1857, realizou-se em Nova York um torneio de xadrez que assinalou o início das atividades enxadrísticas organizadas nos Estados Unidos e representou um acontecimento decisivo na carreira do jovem.


O Clube de Xadrez de Nova Iorque escrevera aos clubes de todos os outros Estados, sugerindo que cooperassem na realização do Primeiro Congresso Americano de Xadrez.Propôs que enviassem seus melhores jogadores para participarem de um torneio no qual seria decidido o campeonato de xadrez dos Estados Unidos. A reação foi entusiástica e de todas as regiões do país partiram candidatos ao título. Louis Paulsen, de Dubuque, Iowa, a quem os jornais da parte ocidental do país atribuíam tão espantosas performances de olhos vendados que os jogadores da parte oriental se sentiam inclinados a considerar como ficção, chegou bem antes da data marcada para o torneio. Através da seção de xadrez de um jornal, informou à comissão de Nova Iorque que assistira a duas ou tres partidas, disputadas por um jovem de Luisiana, que considerava dignas de serem incluídas entre as mais belas obras primas da história do xadrez. Todavia, ninguém deu as suas declarações maior crédito do que a seus feitos de olhos vendados, até serem confirmadas pelo Juiz Meek, de Alabama, um homem de reputação nacional, que espantou os nova-iorquinos ao dizer que vira Paul Morphy jogar e não tinha em sua mente a menor dúvida de que, se o jovem de Luisiana entrasse no torneio, conquistaria infalivelmente a palma da vitória.


Foi enviado um telegrama convidando Morphy a participar da competição e, como escreveu o Herald Tribune de Nova Iorque, "o destino benevolente trouxe o jovem herói em segurança até Nova Iorque dois dias antes da reunião do Congresso".


O primeiro adversário do rapaz foi James Thompson, um dos mais fortes jogadores de Nova Iorque, conhecido por seus ataques ousados e por sua pertinácia em fazer o "Gambito de Evans" sempre que tinha oportunidade. Morphy liquidou-o rapidamente.


O Juiz Meek, " um espécime de homem realmente imponente", foi o segundo adversário de Morphy. "Quando tomaram seus lugares um diante do outro", diz a notícia, "pensava-se em Davi e Golias. Não que o juiz fanfarronasse de qualquer modo como o alto filisteu, pois a modéstia adorna todas as suas ações; mas havia diferença em conteúdo cúbico entre os dois antagonistas , quanto entre o filho de Jesse e o touro de Gath, e em ambos os casos o pequeno mostrou-se o maior. O juiz Meek sentou-se com evidente convicção do resultado e, embora assegurasse ao seu jovem adversário que o poria no bolso se continuasse a derrotá-lo sem jamais dar-lhe a menor oportunidade, consolava-se com a reflexão de que Paul Morphy trataria todos os outros tal como tratara a ele".


Morphy correspondeu à expectativa em grande estilo. Foi coroado o "Campeão do Novo Mundo", depois de derrotar Paulsen no encontro final por uma contagem de 4 a 1. Até as finais, Paulsen igualara a contagem de Morphy, vencendo todas as partidas menos uma, que ficara empatada. Paulsen mostrou-se cheio de admiração pelo jogo de Morphy e declarou: "Se Anderssen e Staunton aqui estivessem, não teriam probabilidade alguma com Morphy; e ele derrotaria também Philidor e de la Bourdonnais , se estivessem vivos."


Naturalmente, Morphy estava ansioso por medir sua força com a dos mestres europeus e o Clube de Xadrez de Nova Orleãs declarou-se disposto a apoiá-lo com cinco mil dólares (muito dinheiro naquela época)num match com quem quer que se mostrasse disposto a aceitar o desafio. Sua família, depois de uma objeção inicial contra a interrupção de seus estudos de Direito, que uma viagem à Europa causaria, finalmente consentiu. E no verão de 1858 Morphy partiu para a Inglaterra.


continua...



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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Bobby Fischer


Filho de pai alemão, Hans-Gerhardt Fischer, um biofísico e mãe judia-suíça naturalizada norte-americana, Regina Wender, aprendeu a jogar xadrez aos seis anos com sua irmã mais velha, que o entretia com diversos jogos (dentre eles o xadrez) enquanto a mãe ia trabalhar. Mudou-se cedo para a Califórnia e pouco tempo depois para Nova Iorque, onde pôde desenvolver-se em grandes clubes seculares como o Marshall e o Manhattan.


Aos treze anos jogou a "Partida do Século" num torneio de Mestres em 1956 contra Donald Byrne, irmão de Robert Byrne, o qual também era Grande Mestre e foi vítima de uma das maiores partidas de Fischer no US-ch 1963, o qual Fischer venceu com 100% de aproveitamento, 13 em 13 possíveis e rating performance acima de 3000, feito igualado por Emanuel Lasker, na Alemanha.


Fischer venceu também o campeonato estadunidense oito vezes em oito participações (1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1973, 1975 e 1986), sendo a primeira aos catorze anos em 1957 e a segunda aos quinze, em 1958. Venceu jogadores tão fortes como Samuel Reshevsky (considerado pelo próprio Fischer como um dos dez melhores de todos os tempos - até então TOP 10), com tão pouca idade. De dezembro de 1962 até o fim da sua carreira, em 1992, Fischer venceu todos os torneios que disputou, exceto dois, nos quais terminou em segundo lugar: Capablanca Memorial, 1965, vencido por Boris Spassky e a Piatigorsky Cup, 1966, vencida por Smyslov. Geralmente Fischer vencia os abertos e grandes torneios que participava com 3 ou 3,5 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado.


A principal façanha da sua carreira foi a classificação para chegar à final do mundial contra Spassky. Fischer venceu Taimanov (enxadrista top 10) por 6x0 num jogo melhor de 10. Fischer venceu Larsen (que era um dos cinco melhores jogadores do mundo) por 6x0 num jogo melhor de 10 e venceu Petrosian por 7,5x2,5 num jogo melhor de 10. Havia uma hegemonia russa desde quando Alekhine derrotou Capablanca em 1921. Após a recusa de Fischer defender o título em 1975, a hegemonia de russos voltou e durou até o indiano Viswanathan Anand vencer o Mundial FIDE de 2000.


Em 1992, Fischer voltou a disputar um encontro contra Boris Spassky.[1] Mesmo Fischer estando 20 anos afastado, enquanto Spassky permaneceu ativo durante todo este tempo, Fischer venceu com relativa facilidade e introduziu diversas novidades teóricas.


Fischer foi preso no Japão e lutou contra sua extradição para os Estados Unidos por quase um ano. A Islândia ofereceu cidadania a Fischer, tendo ele aceitado. Livre então pela cidadania islandesa, Fischer seguiu viagem para a Islândia chegando no dia 23 de março de 2005.


Em eleição feita pelo principal periódico internacional de xadrez, o Sahovski Informator, Fischer foi considerado pelos grandes mestres como o melhor enxadrista do século XX, à frente de Kasparov.


Único a vencer por 6x0 dois matches no Torneio de Candidatos. Tinha memória extraordinária, capaz de memorizar mais de 20 partidas relâmpago consecutivas. Em <http://www.surfonby.com/iqtest/iqfacts.html> consta QI = 187. Outras fontes indicam 184 e 181.


Bobby Fischer morreu em 17 de janeiro de 2008, na Islândia, aos 64 anos.


segunda-feira, 6 de abril de 2009

COMO PARTICIPAR DO BLOG

 
ola enxadristas:
 
para que voces tenham partidas analisadas no blog com diagramas e tudo mais usem este roteiro:
1- vão até o buscador do google e peçam um software gerador de pgn
2.passem suas partidas para este programa que os lances aparecerão escritos apos feitos no tabuleiro do programa.
3.marquem estes lances com o mouse e copiem os lances clicando com o botão direito do mouse e fazendo copiar no programa de pgn e colar dentro do email que será enviado para alcantxz@gmail.com
Rídiculo de tão fácil....
abraço
Pedro

domingo, 5 de abril de 2009

TRADICIONAL CAMPEONATO PETROPOLITANO


Prezados Amigos,


Venham participar do mais tradicional evento de xadrez em Petrópolis!


O XXXIII Campeonato Petropolitano de Xadrez será realizado nos dias 07, 09, 14, 16 e 21 de abril a partir das 19:30hs.


Sistema suíço em 6 rodadas com tempo de reflexão de 01:30h em final acelerado.


Premiação: Troféu para o campeão, vice e 3º colocado. Medalhas para melhor B, melhor C, melhor feminino e melhor sub 14.


Podem participar quaisquer enxadristas petropolitanos filiados ou não ao CXP.


Local: Clube de Xadrez de Petrópolis - Rua do Imperador, 288 sala 307 - Petrópolis - RJ


Valor das inscrições: Sócios R$ 10,00, não-sócios R$ 15,00 e menores com 50% de desconto.


Obs: Limitado a 29 participantes.


Prestigie o seu Clube de Xadrez (CXP) e traga os amigos!!!

Abraços

Agostinho Arruda

Diretor Técnico

Para concluir, devemos acrescentar que um petropolitano(nascido em Petrópolis RJ) chamado Walter Oswaldo Cruz foi 6 vezes campeão Brasileiro e juntamente com outro consagrado campeão brasileiro N vezes campeão chamado João de Souza Mendes além de frequentarem a histórica alfaitaria do sr.Spielmann na rua do Imperador também foram campeões petropolitanos, foi destas fontes e mais o Interzonal de Xadrez de 1973 que beberam os da geração imediatamente anterior a geração de jogadores atuais o que fez com que o xadrez fosse uma paixão da cidade.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A HISTORIA DO XADREZ


A origem do xadrez é certamente o maior mistério existente no mundo. Infelizmente os historiadores não conseguem chegar a um consenso sobre o lugar de onde se originara o xadrez. O documento mais antigo é provavelmente a pintura mural da câmara mortuária de Mera, em Sakarah (nos arredores de Gizé, no Egito). Ao que parece, essa pintura, representa duas pessoas jogando xadrez e data de aproximadamente 3 000 anos antes da era cristã.


Hoje a teoria mais aceita é que ele se originou na Índia por volta do século VI d.C. Era conhecido como "o jogo do exército" ou "Chaturanga" e podia ser jogado com dois ou mais jogadores. Graças as viagens dos mercadores e dos comerciantes o jogo se espalhou para leste (China) e oeste (Pérsia). Mais adiante os árabes estudaram profundamente o jogo e se deram conta que ele estava bastante relacionado com a matemática, escreveram vários tratados sobre isto e aparentemente foram os primeiros a formalizar e escrever suas regras.


A primeira menção do xadrez está em um poema Persa em qual menciona que a vinda do jogo foi na Índia. O xadrez emigrou para a Pérsia (atual Irã) durante o reinado de Chosroe-I Annshiravan (531-579) e é descrito em um manuscrito persa daquele período. Este texto explica a terminologia, nomes e funções das peças com certo detalhe.


O xadrez também é mencionado na poesia épica de Firdousi (940-1021), Schanamekh - O livro dos reis, no qual ele menciona presentes que são dados por uma caravana do Rajah da Índia na corte do rei Persa Chosroe-I. Entre esses presentes, se encontrava um jogo que simulava uma batalha entre dois exércitos. Registros mostram que havia originalmente quatro tipos de peças usadas no xadrez. O Shatrang (sânscrito Hindú) significa "quatro" e anga significa "lados".


Na dinastia Sassanid (242-651 d.C.) um livro foi escrito no idioma Médio Persa Pahlavi chamado "Chatrang namakwor" (Um manual de xadrez). O shatrang (xadrez) representa o universo de acordo com o antigo misticismo Hindú. Os quatro lados representam os quatro elementos (fogo, ar, terra e água) e as quatro virtudes do homem. Embora os nomes das peças sejam diferentes em vários países hoje, seus movimentos são surpreendentemente parecidos. Na Pérsia, a palavra "Shatrang" se usou para nomear o mesmo xadrez.


Por volta do ano 651 d.C., com a conquista da Pérsia, os árabes adotam este jogo, valorizando-o e difundindo-o por todo o Norte da África, assim como por todos os reinos europeus dominados nos séculos seguintes, em particular para a Espanha (onde recebe, sucessivamente, os nome de: Acedrex, Axedres, Axedrez, Ajedrez), Portugal (Xadrez), a Sicília (Scachi Scacchi), a costa francesa do Mediterrâneo (Eschec, Eschecz, Eschecs, Échecs) e a Catalunha (Escacs, Eschacs, Scacs, Schacs, Eschacos, Schachos).


Os mais antigos manuscritos consagrados inteiramente ao xadrez, denominados Mansubas, aparecem em Bagdá, durante a Idade de Ouro Árabe. Não tendo em sua língua nem o som inicial nem o som final da palavra Chatrang, eles a modificam para Shatranj. Aproximadamente em 840, Al Adli, melhor jogador do seu tempo, publica um manuscrito Livro do xadrez (este original foi perdido).


No início do século IX o califa de Bagdá Haroun-al-Rachid (766-809) oferece a Carlos Magno (768-814) um jogo em mármore, hoje desaparecido. Conservam-se, no entanto, na Biblioteca Nacional de Paris, algumas peças denominadas Charlemagne.


Por volta do século IX o xadrez foi introduzido na Europa por duas vias distintas: segundo uns pela invasão muçulmana da Península Ibérica, e segundo outros, durante o confronto Ocidente-Oriente na Primeira Cruzada. No século XI já era amplamente conhecido no velho mundo.


Uma outra versão bastante aceita para a origem é de que ele tenha se originado na China em 204-203 a.C. por Han Xin, um líder militar, para dar às suas tropas algo para fazer no acampamento de inverno. Um jogo conhecido como "go" que tem um rio, um canhão, um cavalo, uma torre, um rei, um peão e um bispo, sendo que estas quatro últimas peças localizam-se na mesma posição do xadrez ocidental. As peças tem inscrições em caracteres chineses e são colocadas em "pontos". Há duas referências do xadrez na literatura antiga chinesa. A primeira foi de uma coleção de poemas conhecida como "Chu chi". O autor chamava-se Chii Yuan. A segunda é de um famoso livro de filosofia conhecido como "Shuo Yuan" que citava Chu Chi.


Mas existem vários tipos de xadrez: xadrez ocidental, xadrez chinês, xadrez japonês (shogi), xadrez coreano, xadrez burmês, xadrez cambojano, xadrez tailândes, xadrez malaio, xadrez indonésio, xadrez turco e possivelmente até xadrez etíope. Todos tem em comum certos aspectos como: o objetivo é dar xeque-mate ao rei, todos tem o rei no centro, uma torre no canto, um cavalo próximo a ela e peões em frente, e os movimentos dessas peças é idêntico ou quase idêntico ao do xadrez ocidental.


Falar afirmativamente sobre o xadrez ter se originado em tal época e em tal lugar de tal maneria pode ser uma coisa muita mais séria do que se imagina, pois existem muitas pessoas que defendem com todas as forças que a origem do xadrez foi na Índia, enquanto alguns outros afirmam com toda certeza que ele surgiu na China muito antes do que na Índia. Infelizmente não chegamos a um acordo sobre tudo isso, pois a origem do xadrez já foi atribuída até ao rei Arthur, ao rei Salomão, aos sábios mandarins contemporâneos de Confúcio, aos Egípcios e aos Gregos, no cerco à Tróia, para distrair os soldados. O correto é que tenha se originado de onde for o xadrez é um do jogos mais prestigiados do mundo, sendo tratado muitas vezes como arte ou ciência.


As regras e os movimentos das peças sofreram alterações ao longo do tempo, mas ultimamente as regras são as mesmas desde o século XV.


Na Idade Média, o "jogo dos reis" adquire, rapidamente, o status de passatempo favorito da sociedade aristocrática européia, sendo proibida a sua prática entre os pobres. Recomenda-se começar sua aprendizagem aos seis anos de idade. As mulheres nobres não hesitam em sentar-se em frente do tabuleiro, mostrando-se, inclusive, tão hábeis quanto os homens. Estes, só têm o direito de entrar em um aposento feminino com o objetivo explícito de jogar xadrez.


No século XIII as casas do tabuleiro passaram a ser dividas em duas cores para facilitar a visualização dos enxadristas. O duplo avanço do peão em sua primeira jogada surgiu em 1283, em um manuscrito europeu.


Mas uma das principais alterações aconteceu aproximadamente em 1485, na renascença italiana, surgindo o xadrez da "rainha enlouquecida". Até esta época não existia ainda a peça rainha, e em seu lugar havia uma chamada Ferz, que era uma espécie de Ministro. Ele, que só podia deslocar-se uma casa por vez pelas diagonais, transformou-se em Dama (Rainha) ganhando o poder de mover-se para todas as direções.


A transformação de uma peça masculina em Rainha pode ser considerada como um indício da crescente valorização da mulher durante o período medieval, mas também como metáfora de uma sociedade dominada por um casal monárquico. Porém, para o psicanalista Isador Coriat é possível que esta metamorfose tenha sido motivada por uma tendência a identificar-se inconscientemente o xadrez com a estrutura do complexo de Édipo, o Rei simbolizando o pai e a Rainha a mãe.


Por volta de 1561 o padre espanhol Ruy Lopez de Segura, que foi o melhor jogador deste período, propôs a utilização do roque. Esta alteração será aceita na Inglaterra, França e Alemanha somente 70 anos depois. O movimento En Passant já era usado em 1560 por Ruy Lopez, embora não se conheça seu criador.


Em vinte anos as inovações espalham-se e as duas modalidades de xadrez coexistem por toda a Europa. A nova maneira de jogar imprime um maior dinamismo às partidas, devido à grande riqueza combinatória que ela proporciona, e o antigo xadrez é, rapidamente, relegado ao esquecimento.


segunda-feira, 30 de março de 2009

ESTILO INDIVIDUAL: O Jôgo Psicológico


Quando se analisa os elementos individuais da estratégia , consideramos o jogo de xadrez como um processo impessoal envolvendo trinta e duas peças e sessenta e quatro casas.Isto é, sem dúvida, uma representação muito simplificada.Uma partida de xadrez é uma luta entre dois contendores, levada a efeito sob certas condições concretas , mas as pessoas nunca estão isentas de falhas e são, inevitavelmente, em maior ou menor grau, influenciadas por assuntos particulares - tendo ainda, caracteres diferentes.Tudo isto se reflete em sua produção enxadrística.

Cada enxadrista, seja mestre eminente ou jogador da pior categoria, põe em suas partidas certos elementos de seu estilo pessoal de jôgo.Seu estilo não é apenas a soma de seus conhecimentos enxadristicos e opiniões sobre o jogo; é, em ampla extensão, a expressão de seu caráter.Se estudarmos as partidas de um jogador pessoalmente desconhecido nosso, poderemos descobrir muitas coisas sobre seu caráter, por suas partidas, por outro lado, quando conhecemos bem alguma pessoa, somos capazes, como um certo grau de certeza, de indicar que estilo de jôgo escolherá em uma patida de xadrez.Um homem cauteloso e preocupado com a vida não entrará facilmente em uma partida arriscada; alguem de natureza frívola , por sua vez, conduzirá sua partida perigosamente, frequentemente sem uma avaliação apropriada das possibilidades a sua disposição e ao oponente.O otimista tende a superestimar sua posição, ao passo que o pessimista vê perigos e dificuldades em cada momento.O estilo individual de jôgo é um reflexo do caráter do enxadrista.

quinta-feira, 26 de março de 2009

ASSIM NASCEM OS GRANDES MESTRES PARTE III

Assim Nascem Os Grandes Mestres - Parte III

 Acontecimentos Marcantes

 

Antes de apresentarmos as partidas e o quadro final do Torneio, vejamos alguns momentos que marcaram para sempre o I Torneio Peão de Ouro do Brasil:

Coluna do Mangini, o Globo, 26/01/1982 - O Torneio Internacional Peão de Ouro para jovens de até 16 anos, teve o maior êxito, e foi ganho pelo islandês Karl Thorsteins, depois de haver desempatado a prova com a revelação peruana Julio Granda Zuniga. Participaram 12 países e entre eles estava o mais novo Mestre Internacional da atualidade de 14 anos, Saeed Ahmed Saeed, dos Emirados Árabes Unidos. O brilho da prova foi nublado pelo triste acidente do representante inglês Ian Wells, vítima de afogamento. Embora sob cuidados médicos, ainda hoje seu estado é muito grave. A representação nacional, como era de esperar, sofreu a falta de experiência numa competição de alto nível. No entanto o bom preparo físico e técnico, evidenciaram que em futuras competições, devemos subir aos primeiros lugares. O quinto lugar de Sandro Heleno e o sétimo de Aron Correa e algumas vitórias isoladas dos outros componentes, exemplo, a vitória na penúltima rodada de Paterson, contra Thorsteins ou de Ivan Souza contra Saeed nos mostram a exatidão do preparo e orientação da Fundação Roberto Marinho. Estes são os primeiros frutos da árvore plantada há poucos anos.

A coluna de Mangini havia sido redigida 1 dia e meio antes, pois no jornal do mesmo dia, vinha a notícia:

ENXADRISTA INGLES MORRE NO HOSPITAL - O enxadrista inglês, Ian Wells, de 17 anos, depois de 5 dias em coma não resistiu e morreu ontem de manhã no Hospital dos Servidores do Estado. Wells, um dos 16 participantes do torneio Peão de Ouro, que reuniu no Hotel Othon Palace, afogou-se na praia de Copacabana na terça-feira passada, horas após encerrar sua participação na competição. A pedido da mãe, Sheila Wells, os organizadores do Peão de Ouro tomarão todas as providencias para que o corpo possa ser embarcado hoje para a Inglaterra.

Roberto Porto, enxadrista conhecido no Rio e morador do bairro Flamengo escreveu para o Jornal - DESCANSE EM PAZ - IAN WELLS era pouco mais do que um menino. Veio da Inglaterra, na qualidade de campeão juvenil, disputar em Copacabana o primeiro torneio de xadrez Peão de Ouro. Terminado o seu último compromisso, saiu do hotel com outros jovens enxadristas e foi aproveitar um último banho de mar, antes de voltar para a Europa. De repente, seu corpo desapareceu. Quando o mar o devolveu à praia, seu cérebro já não funcionava. Foi levado para o CTI de um hospital. Transformara-se em algo semelhante a um vegetal. Um drama doloroso, cruel, injusto, para com um jovem promissor, um possível novo mestre de xadrez para a Inglaterra. País subdesenvolvido, o Brasil tem poucos adeptos do fascinante jogo de xadrez. Muito pouca gente ficou sabendo: muito pouca gente se comoveu. Publicidade e propaganda distribuem - aos quatro ventos - as emoções. Ian Wells era apenas um enxadrista e seu drama contristador não teve qualquer divulgação.

Em 29/03/1982 (portanto dois meses depois) no GLOBO:

Os pais do ex-campeão mundial infantil de xadrez, o peruano Júlio Granda Zuniga, chegaram a temer que seu filho, desaparecido há quatro dias, em Lima, tivesse sido seqüestrado. Mas ontem, Daniel Zuniga, pai de Júlio, admitiu que o enxadrista de 15 anos tenha voltado ao Rio de Janeiro para se encontrar com seu "amor tempestuoso", uma jovem carioca que conheceu em janeiro quando disputou o Torneio Internacional Peão de Ouro. Daniel afirmou que Júlio relutou em viajar para o Peru após a competição: - Depois que conheceu uma jovem, cujo apelido é Uloa, meu filho se trancava no quarto do hotel para ficar com ela. Já não admito a hipótese do seqüestro: que dinheiro um homem que trabalha pra sustentar os 7 filhos teria para pagar o resgate?

XADREZ SENTIMENTAL - O representante do Peru no Campeonato Mundial Junenil de Xadrez (?? - esta é minha -P. A.) realizado durante o verão, no Rio, desapareceu de casa, há dias, deixando sua família preocupadíssima e temerosa de um seqüestro. No começo da semana passada, ele foi localizado quando tentava passar a fronteira do Brasil e tudo se explicou: não se tratava de seqüestro, nem de rompimento com a família, mas sim de paixonite aguda contraída durante o torneio. Trocado em miúdos: o rapaz fora vítima de um xeque-mate de uma cocota copacabanense.

No dia 17/01/1982 - José Thiago Mangini publicou o resultado da decisiva partida entre o brasileiro e o ingles:

Sandro Trindade-Brasil (2000) - Ian Wells- Inglaterra (2000) [A04]

I Torneio Peão de Ouro (13), 17.01.1982.

1.e4 c6 2.d4 d5 3.e5 Bf5 4.Nc3 Outra linha possível seria: [4.Nf3 e6 5.Be2 c5 6.Be3 Nd7 7.0-0 Ne7 8.c4 dxc4 9.Na3 Nd5 10.Nxc4 Be7 11.Nd6+ Bxd6 12.exd6 0-0 13.dxc5 Nxe3 14.fxe3 Nxc5 15.Qd4 Qb6 Porém o branco agora teria o forte lance Nh4! (Pedro Alcântara)] 4...e6 5.g4 Bg6 6.Nge2 f6 7.Nf4 Bf7 8.Nd3 Nd7 9.Be3 Ne7 10.f4 h5 11.Be2 c5 ? As pretas entregam um peão na esperança de minar o centro do adversário e lograr contra jogo. O domínio de espaço obtido pelas brancas é bem nítido (Mangini) 12.Nxc5 Nxc5 13.dxc5 Nc6 14.Bb5 Qa5 15.Qd4 fxe5 16.fxe5 0-0-0 17.Bxc6 bxc6 18.g5 Bg6 19.Kd2 O monarca branco defende o peão "c" e escuda-se no bloco central de peões. Uma posição original (Mangini). Outra linha bastante ativa seria: [19.b4 Qa3 20.0-0 Be7 21.b5 de tal forma que o rei branco estaria menos exposto (Pedro Alcantara)] 19...Be7 20.b4 Qc7 21.a4 Rdf8 22.Rhf1 Qd8 23.h4 Rxf1 24.Rxf1 Rf8 25.Rb1! Sandro optou, acertadamente, ao preferir dominar a coluna "b", pois que a posse de coluna "f" pelas pretas não apresenta risco (Mangini) 25...Rf3 26.b5 Qa5 27.Kc1 O MI Herman Claudius apontou como melhor a seguinte variante: [27.bxc6 Rxe3 28.Rb5 Qxc3+ 29.Qxc3 Rxc3 30.Kxc3 Be8 31.Rb7 Bxc5 32.Rxg7 Bxc6 33.g6!] 27...Rh3 Perde um precioso tempo (Mangini) 28.Bd2 Ameaça Nxd5 28...Qd8 29.bxc6 Rh1+ 30.Kb2 Um erro de concepção. A torre deveria ser mantida para pressionar a posição inimiga.As brancas deveriam ter jogado Nd1! Ameaçando o sacrifício de torre com Rb8+, KxR seguido de Qb4+, Qb7++mate! 30...Rxb1+ 31.Kxb1 Qf8? 32.Qb4 Qf1+ 33.Kb2 Qa6 34.Nb5 Nesta posição ganhadora Sandro dispunha de um minuto para sete jogadas. Inexplicavelmente, demorou demais em fazer suas jogadas. Parecia hipnotizado pelo relógio. Fitava-o insistentemente e não jogava, o que deixou os espectadores frustrados por vê-lo perder merecido ponto. 34...Be8 35.c7

 

Sandro Trindade x Ian Wells

Nesta posição nosso jogador fez o lance tarde demais...

 

Caiu a seta das brancas. Esgotara-se seu tempo regulamentar. Nesta posição vencedora, perde pelo tempo. [35.c7 Bd7 Se ( 35...Bc6 36.Nd4! e se...; 35... Qb7 36.c6 ganhando uma peça. As trocas depois de..; 35...Bc6 36.Nd4 Qxa4 aqui, Mangini esquece que 36... Qxa4 37.Qb8+ e c8=Q++ (Pedro Alcântara) 37.Qxa4 Bxa4 38.Nxe6 Dão final ganho para as brancas (Mangini)) 36.Nd4! Kxc7 37.Qa5+ Qxa5 38.Bxa5+ Kb7 39.c6+ Bxc6 40.Nxe6 g6 41.Nf4 Be8 42.Nxd5 Bc5 43.e6 Bxa4 44.e7 Bf2 45.Nf6 Bd4+ 46.Ka3 Bxf6 47.gxf6 Be8 48.c3 Kc6 49.c4 Kd7 50.Kb3 Bf7 51.Bd2 Ke8 52.Be3 a5 53.Ka4 Bxc4 54.Kxa5 Pedro Alcântara] 0-1



Clube de Xadrez Virtual 16 de novembro de 2004.

por Pedro Alcântara

 



Assim Nascem Os Grandes Mestres - Parte II


Os Jornais




Antes que possamos acompanhar as brilhantes partidas que foram disputadas no I Torneio Peão de Ouro do Brasil, vejamos alguns artigos aqui reproduzidos dos jornais da época, fato que nos irá familiarizar com o "clima" que reinou entre os enxadristas da época ao acompanhar o inédito torneio, se bem que verdade seja dita, lidos hoje em dia percebe-se um distante conhecimento de como se passam as coisas no xadrez o que torna tais artigos mais interessantes ainda, com o jogo tratado por pessoas pouco familiarizadas com ele: um detalhe a mencionar é que os comentaristas dos boletins escolhiam a melhor partida de cada rodada, o que reproduziremos aqui.

O Globo noticiou em 14/01/1982: "Sandro derrota Zuniga e é vice-líder do Peão de Ouro" - O brasileiro Sandro Heleno Trindade derrotou ontem o campeão mundial infantil de 1980, o peruano Júlio Granda Zuniga, e ocupa agora a vice-liderança do Torneio Internacional de Xadrez Peão de Ouro, que está sendo promovido pela Fundação Roberto Marinho e IBM do Brasil no Hotel Othon, com entrada franca. Zuniga, que estava na liderança do torneio, caiu para a quinta colocação, ao lado do brasileiro Aron Correia. Os líderes, após a disputa da nona rodada, são Ian Wells, da Inglaterra, que derrotou ontem o Grande Mestre Saeed Ahmed Saeed, dos Emirados Árabes, Maxim Dlugy, dos EUA e Karl Thorsteins da Islândia; O Dia em 13/01/1982: O brasileiro Sandro Trindade obteve ontem uma boa vitória sobre o ex-campeão mundial Júlio Zuniga do Peru, na nona rodada do Torneio Internacional de Xadrez Peão de Ouro, que se disputa no Hotel Othon. Trindade, agora está em quarto lugar na competição, com 6,5 pontos. O Globo em 15/01/1982 - "Thorsteins reage, empata e é líder do Peão de Ouro - A enorme capacidade de concentração demonstrada desde o primeiro dia do torneio, levou, ontem, o islandês Karl Thorsteins a recuperar-se e empatar com o alemão Richard Lutz. Com isto, ele manteve a liderança do torneio Peão de Ouro, com 9,5 pontos, a apenas 3 rodadas do encerramento da competição. Thorsteins, de 16 anos, esteve em desvantagem desde o começo da partida com Lutz, iniciada às 8 horas, no Hotel Othon. As 13 horas, esgotado o prazo regulamentar de 300 minutos e não conhecido o vencedor, o jogo foi suspenso com um lance secreto de Lutz. Atento a todos os movimentos, o mestre internacional Herman Claudius foi taxativo: "Lutz, caso tenha feito o lance correto, dificilmente deixará de vencer". Thorsteins não acreditou e voltando no final da tarde ao tabuleiro, reverteu as expectativas, levando a partida ao empate. Este resultado, no entanto, prejudicou o brasileiro Sandro Trindade, que também está com 9,5 pontos, nas 13 partidas jogadas - mais uma do que Thorsteins - mas disputa com ele a liderança. Sandro enfrentará amanhã - hoje é dia de folga - o inglês Ian Wells. Ao brasileiro resta vencer as duas últimas partidas - joga ainda com o alemão Richard Lutz - e torcer para um tropeço de Thorsteins contra Carlos Paterson (Brasil), Saeed Ahmed (Emirados Árabes) ou Tomas Darcyl (Argentina). O Peão de Ouro, que terá 15 rodadas, é uma competição promovida pela Fundação Roberto Marinho e IBM do Brasil. Hoje todos os jovens enxadristas conhecerão o Maracaña. Ainda no mesmo artigo a entrevista com Sandro Heleno: SANDRO TRINDADE: Se for eu o ganhador, será uma zebra - Todo mundo precisa de uma profissão. A minha será a de engenheiro eletrônico ou a de analista de computação. O xadrez, até eu me formar, ficará em segundo plano. Depois eu não sei. A indecisão quanto ao xadrez é de Sandro Heleno Trindade, o brasileiro que reúne as maiores possibilidades de ficar com o título de Peão de Ouro, e que ocupa atualmente a segunda colocação na classificação geral do Torneio. - Se eu ganhar será uma autêntica zebra. Não acredito realmente que seja eu o vencedor. E, ainda mais modesto, ele diz jamais ter acreditado que Jaime Sunyê, o preparador da delegação brasileira, o tivesse apontado como um dos favoritos: "Ele não pode ter dito isto, não fui bem no treinamento de Vassouras, onde estivemos concentrados". Bem mesmo ele esteve no campeonato pan-americano de 1980, quando conquistou o título. E, melhor ainda, na estréia em competições internacionais, vencendo o World Open da Filadélfia, em 1977, na categoria Unrated. Mineiro de Belo Horizonte, Sandro começou a jogar xadrez quando mudou-se aos 10 anos para Brasília. Hoje, aos 16, ele é o campeão do Jebs e recorda-se, com carinho, de ter enfrentado o seu ídolo, o soviético Boris Spassky. - Foi quando eu tinha 13 anos e ele fez uma simultânea em Brasília. Fiquei seu fã pela forma com que jogava e, também por sua simpatia. Algo que não viu em Viktor Korchnoi, que também fez uma demonstração em Brasília. Por isto, confessa, não pôde deixar de torcer por Karpov, no último confronto entre os dois enxadristas pelo título mundial. - Mas não foi só por isto. Karpov está num nível muito acima dos demais jogadores e mereceu o bicampeonato. Mas Sandro gosta realmente é de Jaime Suniê, que ensinou-lhe táticas preciosas, as quais transmitirá ao irmão quando voltar a Brasília: o pequeno Romel, de 10 anos, único na casa que também se interessou pelo xadrez.






Clube de Xadrez Virtual 08 de novembro de 2004.


por Pedro Alcântara


ASSIM NASCEM OS GRANDES MESTRES - PARTE I


Assim Nascem Os Grandes Mestres - Parte I




Em 1982 eu vi nascer uma estrela do xadrez sul americano: Julio Granda Zuniga. Inclusive uma grata recordação para sempre: joguei uma partida relâmpago contra ele que contava com 13 anos e já era campeão peruano, porém, embora todos soubessem que ele seria um Grande Mestre no Futuro naquele momento não tinha o título ainda. Eu estava acompanhando como descreverei mais adiante a rodada do dia na ante-sala do Torneio e o garoto Zuniga, após jogar sua partida, apareceu cercado de dois acompanhantes já adultos que ou eram irmãos ou seguranças, porém com certeza aquele tipo físico e facial típico dos peruanos de origem mestiça indio/colono. Joguei com empenho, a oportunidade era única. Ele de brancas e eu de negras, naquela época eu já jogava bastante rápido o ping de 5 minutos de modos que a medida que a partida ia andando, ele ia sempre ficando melhor na posição e criando lances de ataque todo tempo, bem no seu estilo e eu para compensar, jogando o mais sólido e rápido possível, até que caiu a seta dele. Fiquei mais impressionado foi com a reação dele: bateu forte na mesa com a mão cerrada falando num dialeto difícil de entender, lógico estava xingando. Achei que iria pedir para jogar outra, porém, estava com tanta raiva que foi seguro pelos acompanhantes que pareciam querer demove-lo de jogar e sair dali e assim foi. Não tive outra chance de jogar com ele, porém, ele não deve se lembrar de mim, mas eu lembro dele, lógico... Vejamos como se passou o acontecimento: no final de 1981, dezembro para ser exato, algo que não se vê mais hoje em dia, surgiu um anúncio de meia página no jornal o Globo que dizia o seguinte: "UMA ABERTURA EM GRANDE ESTILO - Torneio Internacional Peão de Ouro" - "Dois Campeões Mundiais, um Mestre Internacional de apenas 14 anos, campeões de 11 países e a Seleção de Ouro - formada por cinco campeões brasileiros de até 17 anos - essa turma de jovens craques do xadrez disputará, de 1 a 20 de janeiro de 1982, no Rio Othon, o Torneio Internacional Peão de Ouro. A equipe brasileira está em Vassouras (RJ), sendo cuidadosamente preparada para este torneio e várias outras competições internacionais programadas para 1982. A exemplo do que aconteceu neste ano, com os "Matches Nacionais da Amizade", a atuação conjunta da IBM do Brasil e Fundação Roberto Marinho vai incrementar a temporada de xadrez." - assim colocado e no meio no anuncio uma foto do trofeu onde se lia gravado: The Gold Pawn of Brasil, ao lado esquerdo o logotipo da IBM do Brasil Ltda e do lado direito o logotipo da Fundação Roberto Marinho. Bom, todos ficamos sabendo e logicamente interessados no acontecimento, porém muito mais surpresas viriam com o tempo. Compareci a primeira rodada e a muitas outras ou quase todas, sendo que havia o detalhe: Moro a 90 quilômetros do local do jogo, porém naquela época tinha que estar no Rio a trabalho mesmo e assim foi. O Hotel Rio Othon é junto ao Copacabana Palace, sabia que o local deveria ser confortável e bem ajeitado, porém qual não foi a minha surpresa ao constatar a organização impecável do evento: a) Uma sala para quem quisesse acompanhar com camêras colocadas diretamente acima da cabeça e tabuleiros em cada partida dos 8 tabuleiros com 16 participantes! b) Um boletim que saía do forno como padaria: minutos depois de cada rodada e com comentários! Isso é impensável nos dias de hoje, em termos de Brasil, porém, acho que até para aquela época já era impressionante. Pois bem, quem eram os participantes e os comentaristas? Para não deixar de lembrar, possuo todos os boletins e todas as partidas comigo aqui, devidamente já registradas em formato pgn e base de dados no chessbase. Um detalhe ainda me vem a lembrança: nosso companheiro Renan Levy lá estava também e talvez possa colaborar com mais informações. Faziam os comentários os seguintes jogadores: Rubens Filguth (MI), Herman Claudius Van Riemsdijk (MI), Luiz Loureiro (MF), Darcy Gustavo Lima (hoje GMI naquela época, se não me engano tinha já norma de MI). Para o jornal o Globo comentava o duas vezes campeão brasileiro José Thiago Mangini. Os participantes: Os dois campeões mundiais ao qual se referia o anúncio eram Ian Wells (Inglaterra) que conseguiria terminar o torneio e iria sofrer triste acidente na praia ao final do evento, tendo ficado internado no hospital alguns dias e falecido para consternação da gente, isso dias depois de findo o Torneio, detalhe: não sei o quanto isso possa ter influenciado a promessa que constava no anúncio: "várias outras competições internacionais, programadas para 1982" o outro era provavelmente o jogador dos Emirados Árabes Saeed Ahmed Saeed, um garoto que já era então Mestre Internacional. Outros destaques: - o jovem Julio Granda Zuniga, considerado um gênio, uma vez que nunca tinha estudado xadrez e jogava as aberturas de modo criativo, nada que constasse em livros, os quais ele não tinha. - Maxim Dlugy era uma outra revelação muito forte vindo dos Estados Unidos - Karl Thorsteins vindo da Islandia, país com tradição no xadrez haviam patrocinado o match de Spassky x Fischer em 1972 - Horst Lutz da Alemanha Ocidental muito forte jogador depois MI - Srdjan Zakic da Iugoslávia - Alex Kuznevoc do Canadá - Abraham Bettsak do Panamá (este seria uma surpresa inversa) - Thomas Darcyl da Argentina. Os Brasileiros, lembro-me que pelo menos dois se tornaram Mestres Internacionais: Sando Heleno Trindade de Brasília e Ivan de Souza, naquela época não eram MIs, Aron Correa, tenho que verificar se tem o título de MI, Carlos Paterson, Milton Braitt e Gueber Carvalho fechavam a "Equipe de Ouro do Brasil" que havia treinado dias em Vassouras para o Torneio. Todos estes eram "apenas garotos" porém, estamos iniciando a narrativa de como estes "garotos" se enfrentaram no mais forte Torneio já realizado para a idade deles, como foram as partidas, como tudo se passou e qual foi o destino deles, já passados 22 anos daquele histórico evento e quase esquecido nos dias de hoje..."



FATORES QUE DETERMINAM O CARATER DE UMA POSIÇÃO


Alguns dos fatôres que determinam o caráter da posição são permanentes, outros, temporários.Um fator permanente de importância é o da qualidade e posição dos peões, pois êstes não podem, em contraste com as peças , serem transferidos de uma ala do tabuleiro para outra; posições de peões , como regra , alteram-se gradativamente, enquanto que as peças na maioria dos casos podem mudar de colocação sem dificuldades.Como consequencia, temos a aparente contradição de que os peões, a despeito de seu valor relativamente pequeno são os que determinam , em grande proporção, o caráter de uma posição dada.Outros valores permanentes são superioridade material , e em muitos casos, as posições dos reis.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O CARÁTER DA POSIÇÃO E A ESCOLHA DO PLANO


A escolha do plano depende, em qualquer caso , da posição concreta no tabuleiro, deve, portanto, corresponder a esta posição.Julgar uma posisão corretamente e reconhecer suas peculiaridades é um pré-requisito ao encontro de um plano estratégico aceitável.Devemos, portanto, indagar quais os fatores que determinam o caráter de uma posição, e qual o plano estatégico a ser daí deduzido.Naturalmente , a resposta não pode ser dada de forma simples , ela corresponde a questão básica , concernente a totalidade da teoria relacionada a estratégia do jogo, materia muito vasta.Podemos , entretanto , abreviadamente indicar que o caráter de uma posição é determinado pelos seguintes fatores:

1.Relação material, isto é, igualdade material ou superioridade material de um dos lados.

2.O poder de cada peça.

3.A qualidade de cada peão.

4.A posição dos peões, isto é, sua estrutura.

5.A posição dos reis.

6.Cooperação entre peças e peões.


Existem dois tipos de fatores que determinam o caráter da posição: permanentes ou temporários.

Amanhã falaremos sobre esta ideia mui interessante

sexta-feira, 20 de março de 2009

O QUE ACONTECEU NA PARTIDA ABAIXO?

Uma vez , por volta de 1970, diversos mestres brasileiros, incluindo também um Mestre Internacional analisavam a partida jogada pelo brasileiro Henrique Mecking (de negras) contra Lev Polugaevsky(brancas), eles estavam curiosos sobre a situação criada na partida que dificilmente terminaria em empate.Foi então que um "peru" resolveu externar também o seu ponto de vista.Como se tratava de um aficionado de TERCEIRA categoria , essa interferencia foi considerada um verdadeira afronta e imperdoável sacrilégio, razão por que foi prontamente rejeitada.Não satisfeito em ser posto de lado, o "peru" insistiu em meter o bedelho.Com o intuito de afastar de vez o intrometido os experts resolveram provar o erro da sugestão. Pouco a pouco foram vendo que a proposta do "peru" não era assim tão simples de refutar e depois de muito esforço acabaram confessando que ele estava certo !! No diagrama a abaixo, a posição crítica...Neste momento o gm brasileiro continuou de forma automática com 38....Tf5? não percebendo que depois de 38....d5!! as brancas ficariam em dificuldades insuperáveis pou causa da dupla ameaça 39...Bxa3 e 39...Txg5+ ganhando a dama branca.
E o mais curioso desta historia toda é que esta partida foi divulgada no mundo todo, sem que tenha sido mencionado o lance 38....d5

(260) Polugaevsky,L - Mecking,H [A17]
Palma de Mallorca Interzonal Palma de Mallorca (1), 09.11.1970


1.c4 Cf6 2.Cc3 e6 3.Cf3 b6 4.e4 Ab7 5.d3 d6 6.g3 Ae7 7.Ag2 0-0 8.0-0 c5 9.Te1 Cc6 10.d4 cxd4 11.Cxd4 Cxd4 12.Dxd4 Tb8 13.b3 Dc7 14.Ab2 Tfd8 15.Tad1 Ac6 16.De3 a6 17.De2 Af8 18.a4 Cd7 19.h4 Db7 20.Af1 Cc5 21.Dc2 Cd7 22.Td2 Cf6 23.Dd3 Ta8 24.Ag2 Cd7 25.b4 Dc7 26.f4 a5 27.b5 Ab7 28.Aa3 Tac8 29.Af1 Cf6 30.Ted1 Td7 31.De3 Tcd8 32.Ae2 h6 33.g4 Ce8 34.g5 g6 35.f5 exf5 36.exf5 Te7 37.Df4 Te5 38.f6 Diagrama





38...Tf5 [ 38...d5! 39.Cxd5 Axd5 40.Dh2 Axa3] 39.Dg3 h5 40.Cd5 Axd5 41.Txd5 Txd5 42.Txd5 Dc8 43.Td2 Cc7 44.Af1 Ce6 45.Df3 Cc5 46.Ah3 Dc7 47.Dc6 Db8 48.Axc5 dxc5 49.Txd8 Dxd8 50.Ad7 Db8 51.De4 Dd6 52.Ac6 Dd1+ 1/2-1/2

quarta-feira, 18 de março de 2009

O PLANO DE JOGO


O Plano de jogo a um dado momento da partida é chamado de plano estratégico; A maneira como é estabelecido, o conjunto de princípios que seguimos em sua determinação, conhece-se como estratégia.Estes têrmos, e outros tais como alvo estratégico e tática , têm em xadrez o mesmo significado que o utilizado no campo militar , no político, etc.

Deve-se ter em mente que o alvo estratégico em qualquer partida, era primitivamente a imposição de xeque-mate ao Rei adversário; e tal compreensão superficial da estratégia prevaleceu nos primórdios do xadrez moderno.Atualmente , entretatno, aperfeiçoou-se a técnica e as ideias tornaram-se mais profundas.Nas partidas de bons jogadores , nem mesmo o simples ganho de um peão debilitado se nos apresenta frequentemente , como o alvo estratégico ; é mais comum que acirrada luta se efetue pela obtenção de pequena vantagem posicional - tais como o contrôle de um coluna aberta , o enfraquecimento de um peão adversário , ou a criação de um peão passado.

Não é necessário acrescentar que os melhores planos dão em nada se não são conduzidos adequadamente; isto aplica-se ao xadrez como a tudo o mais. A coleção de medidas de métodos para execução do plano estratégico próprio ou inutilização do correspondente plano inimigo, chama-se tática.A este campo pertencem manobras , combinações e sacrifícios, assim como ataque duplo, pregadura, xeque-descoberto, ciladas, etc.Lidar pormenorizadamente com estes conceitos não é , entretanto algo que possa ser feito com rapidez , só com estudo contínuo das partidas dos mestres e das próprios se pode obte-lo.

terça-feira, 17 de março de 2009

ESTRATEGIA E TATICA

Opinião largamente difundida diz que a diferença entre o enxadrista categorizado e o principiante se radica na maior amplitude com que o primeiro pode calcular; e a questaão de saber-se quantos lances adiante um Grande Mestre prevê, torna-se a pedra de toque em tal argumento.A habilidade de calcular corretamente é, sem dúvida, necessária a um enxadrista de categoria, mas não é a única, e certamente não é a diferença mais importante entre um mestre e um jogador comum.Há muitos enxadristas que possuem excelente domínio na arte de combinações , mas que nunca alcançarão a força do mestre:falta-lhes a capacidade de conduzir a partida como um todo, baseados em um plano adequado préviamente estabelecido.O cálculo de variantes particulares só é possível e necessário, em certas posições claramente definidas ; na maior parte dos casos o próprio plano geral encarrega-se de indicar-nos o lance.

sábado, 14 de março de 2009

O xadrez como disciplina

O jogo de xadrez é uma forma muito boa de disciplinar sua vida , atráves de alguns elementos presentes em toda partida:
planejar seus movimentos
calcular a consequencia deles
planejar os movimentos do adversario e calcular do que ele pode fazer no tabuleiro
as fases da partida
iniicio - infancia
meio - juventude
final - idade madura e idoso
Há, lógicamente muitos outros pontos em comum com a propria vida e quando se utiliza este conhecimento principalmente na adolescencia, em alta porcentagem o xadrez conduz a pessoa a pensar em seus atos na propria vida.

sexta-feira, 13 de março de 2009



Isto foi do tempo mais acirrado, parece que está havendo uma renovação enorme de enxadristas, mas permanece a "não renovação ao incentivo dos jogadores do nobre jogo"

Uma partida muito interessante

 Bruno Wilbert (1900) - Agostinho Arruda [A00]
Semi final XXIX Petropolitano (7), 16.10.2005



1.d4 e6 2.c4 Cf6 3.g3 d5 4.Ag2 c6 5.Cf3 Ab4+ 6.Cbd2 dxc4 7.0-0 c3
Diagrama Este lance de Agostinho retém o peão , mas tem o defeito de atrasar o desenvolvimento. A teoria diz que melhor é [ 7...b5 8.b3 cxb3 9.Dxb3 a5 10.Dd3 Cd5= ]

8.Cc4 cxb2 9.Axb2 0-0 10.Db3 Ae7 11.Tfd1N
Diagrama [ RR 11.a4 Ce4 12.Cfe5 Cd6 13.Tfd1 Dc7 14.Tac1 Cxc4 15.Cxc4 Td8 16.e4 Af6 17.Ac3 Ca6 18.d5 Axc3 19.d6 Txd6 20.Cxd6 Ae5 21.Cc4 Af6 22.e5 Cc5 23.Db4 Ae7 24.Cd6 b6 25.Txc5 bxc5 Tsorbatzoglou,T-Stanojoski,Z/Kavala 1996/EXT 2003/0-1 (55)]

11...Cbd7 12.Cfe5
Diagrama Neste momento, o peão a menos está compensado pelo desenvolvimento

12...Dc7
Para tornar as peças menos "engessadas" seria interessante buscar movimentação com: [ 12...Cd5 13.e4 C5b6 14.Cxb6 Dxb6 ]

13.Cxd7
Diagrama A troca dos cavalos é um bom conceito, porque diz a teoria: em posições com peões semi-cerrados ou fixos , o cavalo trabalha melhor, daí que um cavalo colocado em e5 e levado para a ala do rei terá melhor efeito para o ataque.

13...Axd7
Melhor seria vigiar a entrada do outro cavalo com: [ 13...Cxd7 14.Aa3 Dd8 15.Tab1 Cb6 16.Ac5 Cxc4 uma troca de grande utilidade se conseguida...]

14.Tac1 Tac8
É possível que Bruno tenha começado a gostar do jogo aqui , porque Agostinho passa muito tempo preparando futuras rupturas que podem acabar não ocorrendo devido a boa coloação das peças brancas, mas o jogo ainda está equilibrado [ 14...a5 15.Aa3 Ab4 16.Ce5 Ac8 17.Axb4 axb4 18.Td2 Da5 ]

15.e4 Db8 16.Ce5 Tfd8 17.Df3 Ae8
Diagrama Com todos os detalhes já vistos, o branco não encontrou o caminho para furar o bloqueio , de modos que o negro está ligeiramente melhor, porém passivo ainda.

18.Ah3 Tc7
Mais um lance preparativo.Não é mal, mas ainda não luta pela iniciativa.Como diria Capablanca , a iniciativa pode ser decisiva. [ 18...Cd7!? 19.Cc4 b5 20.Ce3 a6 ]

19.Tc4
Diagrama Não há nada ali, mas Bruno parece querer deter "c5" melhor reposicionar com Ag2, acaba que não segura "c5" a ruptura tema, que afinal Agostinho parece estar com o olho fixo na ala do rei e esquece o resto do tabuleiro.Aqui temos que fazer uma reflexão: Se o roque está totalmente defendido e não há debilidades, é hora do contra ataque! se não contra ataca, o que fará para se apossar da iniciativa?

19...Af8?!
Diagrama [ 19...c5! 20.d5 única variante ativa do branco... ( 20.dxc5 Txd1+ 21.Dxd1 Ab5 22.Tc1 Txc5 e o negro começa a reação...) 20...exd5 21.exd5 b5 22.Tcc1 Db6 Diagrama o negro quedou melhor, com as peças já se soltando e todas coordenadas , tudo isso somado ao peão a mais....]

20.Tdc1 Cd7!
Diagrama Um bom lance de Agostinho, expulsando o cavalo branco de "e5"

21.d5?
Diagrama fica em posição dificil.Melhor seria [ 21.Cd3 Tcc8 22.Ag2 reagrupando...]

21...Cb6!?
pode ter efeito semelhante a linha mostrada adiante...mas é menos claro devido ao lance que Bruno jogou que tem um efeito visual mais impressionante , mas como diria Fischer: "tudo fogo de artifício" [ 21...exd5! 22.exd5 Cb6 Diagrama refutando o ataque branco, por exemplo: 23.Th4 Ae7 24.Td4 Cxd5 25.Tcd1 b5 a iniciativa passa para o negro...]

22.dxe6! f6
Diagrama

23.Cg4
jogando no possivel erro do adversário, se este erro não vier, o desastre branco será inevitável.Melhor seria: [ 23.Cd7 Cxd7 24.exd7 Axd7 25.Af5! ]

23...Cxc4!
As negras estão com posição vencedora.Será apenas necessário jogar com energia e frieza...

24.Txc4
Diagrama

24...Ae7
muita espera, melhor seria: [ 24...b5!? 25.Tc1 ( 25.Cxf6+ gxf6-+ ) 25...c5 ( 25...Ag6 26.e5 f5 27.Cf6+ gxf6 28.exf6 Td2 29.f7+ Axf7 30.exf7+ Txf7 31.Dc3 Txb2 32.Dxb2 Dd6=/+ ) 26.Df4 Tb7 Esta é a linha principal, porém , nota-se que achar tudo no tabuleiro com o relógio apertando não é tarefa das mais simples.De modos que a recomendação é: em torneios de partidas com tempo nocaute melhor é jogar dentro dos temas principais e evitar linhas táticas, campo favorito do condutor das brancas.Uma psicologia para cada adversário.; 24...Ag6 25.e5 Td3 ( 25...b5 26.Cxf6+ gxf6 ( 26...Rh8! 27.Th4 ) 27.exf6 bxc4 28.f7+ Txf7 29.exf7+ Axf7 30.Df6 ( 30.Dg4+ Ag6 31.De6+ Af7 32.Dg4+= ) 30...Td1+ 31.Af1 c3 32.Dxc3 Txf1+ 33.Rxf1 Db5+ 34.Rg1 Axa2 ) 26.De2 b5 27.Tf4 h5 28.exf6!+- ]

25.e5! f5
Diagrama nota-se que a posição foi-se abrindo como convinha a concentração de peças brancas, mas já estamos no terreno de oportunidades desperdiçadas como no caso do lance 19 do negro....Nesta posição quase todas as linhas davam vantagem ao branco... [ 25...fxe5 26.Axe5 Ad6 ]

26.Dxf5??
Um erro.Deriva do excesso de otimismo com a posição.Melhor seria: [ 26.Cf6+! gxf6 27.exf6 Axf6 28.Axf6 vencendo....]

26...Ag6
Outro lance bom seria: [ 26...Td1+ 27.Af1 ( 27.Rg2 b5 28.Tc3 b4 29.Tb3 Ag6 vencendo o negro) 27...b5 28.Tc1 Txc1 29.Axc1 Ag6 esvaziando o ataque e tomando a iniciativa...o negro tem posição de vitoria]

27.Df4 b5
[ 27...Td1+ 28.Rg2 b5 29.Cf6+ Rh8 30.Tc1 ( 30.Af5 bxc4 31.Axg6 Dxb2 ) 30...Txc1 31.Axc1 Dd8 32.Cd7 c5 33.Af5 Axf5 34.Dxf5 c4-/+ ]

28.Tc1
Diagrama

28...Tf8??
Neste momento , Agostinho cometeu um erro fatal , por não observar atentamente a posição, justo quando ele tinha muito mais tempo que o adversário, como costuma acontecer muito amíude em tais situações.Com: [ 28...Tcc8! não seria possivel romper com o cavalo porque: 29.Cf6+ gxf6 30.exf6 Dxf4 31.gxf4 Td2 32.fxe7 Txb2 vencendo....]

29.Cf6+!!
Diagrama Bruno também não tem outra saída senão jogar atacando pois para isso montou todo o aparato, então os bons lances vão surgindo por si só.

29...Rh8
menos pior parece ser: [ 29...gxf6 30.exf6 Axf6 31.Axf6 Tcc8 32.Dg5 Txf6 33.Dxf6 Dd6 mas a posição já está perdida....]

30.Af5!+-
Diagrama agora , não há mais lances possiveis de conter a avalanche, vejamos....

30...Dd8
[ 30...Axf5 31.Dxf5 g6 32.Dh3 h5 ( 32...Axf6 33.exf6 Tcf7 34.exf7 ganhando....) 33.g4 ]

31.Axg6 Axf6
[ 31...hxg6 32.Dh4# ]

32.exf6 gxf6 33.Af7 Tcxf7 34.exf7 Txf7 35.Txc6 Dd1+ 36.Rg2 Dd5+ 37.Df3 Dxf3+ 38.Rxf3 Rg7 39.Txf6 Txf6+ 40.Re4 Rf7 41.Axf6 Rxf6 42.Rd5
uma partida que demonstra que lutar pela iniciativa vale a pena 1-0