segunda-feira, 30 de março de 2009

ESTILO INDIVIDUAL: O Jôgo Psicológico


Quando se analisa os elementos individuais da estratégia , consideramos o jogo de xadrez como um processo impessoal envolvendo trinta e duas peças e sessenta e quatro casas.Isto é, sem dúvida, uma representação muito simplificada.Uma partida de xadrez é uma luta entre dois contendores, levada a efeito sob certas condições concretas , mas as pessoas nunca estão isentas de falhas e são, inevitavelmente, em maior ou menor grau, influenciadas por assuntos particulares - tendo ainda, caracteres diferentes.Tudo isto se reflete em sua produção enxadrística.

Cada enxadrista, seja mestre eminente ou jogador da pior categoria, põe em suas partidas certos elementos de seu estilo pessoal de jôgo.Seu estilo não é apenas a soma de seus conhecimentos enxadristicos e opiniões sobre o jogo; é, em ampla extensão, a expressão de seu caráter.Se estudarmos as partidas de um jogador pessoalmente desconhecido nosso, poderemos descobrir muitas coisas sobre seu caráter, por suas partidas, por outro lado, quando conhecemos bem alguma pessoa, somos capazes, como um certo grau de certeza, de indicar que estilo de jôgo escolherá em uma patida de xadrez.Um homem cauteloso e preocupado com a vida não entrará facilmente em uma partida arriscada; alguem de natureza frívola , por sua vez, conduzirá sua partida perigosamente, frequentemente sem uma avaliação apropriada das possibilidades a sua disposição e ao oponente.O otimista tende a superestimar sua posição, ao passo que o pessimista vê perigos e dificuldades em cada momento.O estilo individual de jôgo é um reflexo do caráter do enxadrista.

quinta-feira, 26 de março de 2009

ASSIM NASCEM OS GRANDES MESTRES PARTE III

Assim Nascem Os Grandes Mestres - Parte III

 Acontecimentos Marcantes

 

Antes de apresentarmos as partidas e o quadro final do Torneio, vejamos alguns momentos que marcaram para sempre o I Torneio Peão de Ouro do Brasil:

Coluna do Mangini, o Globo, 26/01/1982 - O Torneio Internacional Peão de Ouro para jovens de até 16 anos, teve o maior êxito, e foi ganho pelo islandês Karl Thorsteins, depois de haver desempatado a prova com a revelação peruana Julio Granda Zuniga. Participaram 12 países e entre eles estava o mais novo Mestre Internacional da atualidade de 14 anos, Saeed Ahmed Saeed, dos Emirados Árabes Unidos. O brilho da prova foi nublado pelo triste acidente do representante inglês Ian Wells, vítima de afogamento. Embora sob cuidados médicos, ainda hoje seu estado é muito grave. A representação nacional, como era de esperar, sofreu a falta de experiência numa competição de alto nível. No entanto o bom preparo físico e técnico, evidenciaram que em futuras competições, devemos subir aos primeiros lugares. O quinto lugar de Sandro Heleno e o sétimo de Aron Correa e algumas vitórias isoladas dos outros componentes, exemplo, a vitória na penúltima rodada de Paterson, contra Thorsteins ou de Ivan Souza contra Saeed nos mostram a exatidão do preparo e orientação da Fundação Roberto Marinho. Estes são os primeiros frutos da árvore plantada há poucos anos.

A coluna de Mangini havia sido redigida 1 dia e meio antes, pois no jornal do mesmo dia, vinha a notícia:

ENXADRISTA INGLES MORRE NO HOSPITAL - O enxadrista inglês, Ian Wells, de 17 anos, depois de 5 dias em coma não resistiu e morreu ontem de manhã no Hospital dos Servidores do Estado. Wells, um dos 16 participantes do torneio Peão de Ouro, que reuniu no Hotel Othon Palace, afogou-se na praia de Copacabana na terça-feira passada, horas após encerrar sua participação na competição. A pedido da mãe, Sheila Wells, os organizadores do Peão de Ouro tomarão todas as providencias para que o corpo possa ser embarcado hoje para a Inglaterra.

Roberto Porto, enxadrista conhecido no Rio e morador do bairro Flamengo escreveu para o Jornal - DESCANSE EM PAZ - IAN WELLS era pouco mais do que um menino. Veio da Inglaterra, na qualidade de campeão juvenil, disputar em Copacabana o primeiro torneio de xadrez Peão de Ouro. Terminado o seu último compromisso, saiu do hotel com outros jovens enxadristas e foi aproveitar um último banho de mar, antes de voltar para a Europa. De repente, seu corpo desapareceu. Quando o mar o devolveu à praia, seu cérebro já não funcionava. Foi levado para o CTI de um hospital. Transformara-se em algo semelhante a um vegetal. Um drama doloroso, cruel, injusto, para com um jovem promissor, um possível novo mestre de xadrez para a Inglaterra. País subdesenvolvido, o Brasil tem poucos adeptos do fascinante jogo de xadrez. Muito pouca gente ficou sabendo: muito pouca gente se comoveu. Publicidade e propaganda distribuem - aos quatro ventos - as emoções. Ian Wells era apenas um enxadrista e seu drama contristador não teve qualquer divulgação.

Em 29/03/1982 (portanto dois meses depois) no GLOBO:

Os pais do ex-campeão mundial infantil de xadrez, o peruano Júlio Granda Zuniga, chegaram a temer que seu filho, desaparecido há quatro dias, em Lima, tivesse sido seqüestrado. Mas ontem, Daniel Zuniga, pai de Júlio, admitiu que o enxadrista de 15 anos tenha voltado ao Rio de Janeiro para se encontrar com seu "amor tempestuoso", uma jovem carioca que conheceu em janeiro quando disputou o Torneio Internacional Peão de Ouro. Daniel afirmou que Júlio relutou em viajar para o Peru após a competição: - Depois que conheceu uma jovem, cujo apelido é Uloa, meu filho se trancava no quarto do hotel para ficar com ela. Já não admito a hipótese do seqüestro: que dinheiro um homem que trabalha pra sustentar os 7 filhos teria para pagar o resgate?

XADREZ SENTIMENTAL - O representante do Peru no Campeonato Mundial Junenil de Xadrez (?? - esta é minha -P. A.) realizado durante o verão, no Rio, desapareceu de casa, há dias, deixando sua família preocupadíssima e temerosa de um seqüestro. No começo da semana passada, ele foi localizado quando tentava passar a fronteira do Brasil e tudo se explicou: não se tratava de seqüestro, nem de rompimento com a família, mas sim de paixonite aguda contraída durante o torneio. Trocado em miúdos: o rapaz fora vítima de um xeque-mate de uma cocota copacabanense.

No dia 17/01/1982 - José Thiago Mangini publicou o resultado da decisiva partida entre o brasileiro e o ingles:

Sandro Trindade-Brasil (2000) - Ian Wells- Inglaterra (2000) [A04]

I Torneio Peão de Ouro (13), 17.01.1982.

1.e4 c6 2.d4 d5 3.e5 Bf5 4.Nc3 Outra linha possível seria: [4.Nf3 e6 5.Be2 c5 6.Be3 Nd7 7.0-0 Ne7 8.c4 dxc4 9.Na3 Nd5 10.Nxc4 Be7 11.Nd6+ Bxd6 12.exd6 0-0 13.dxc5 Nxe3 14.fxe3 Nxc5 15.Qd4 Qb6 Porém o branco agora teria o forte lance Nh4! (Pedro Alcântara)] 4...e6 5.g4 Bg6 6.Nge2 f6 7.Nf4 Bf7 8.Nd3 Nd7 9.Be3 Ne7 10.f4 h5 11.Be2 c5 ? As pretas entregam um peão na esperança de minar o centro do adversário e lograr contra jogo. O domínio de espaço obtido pelas brancas é bem nítido (Mangini) 12.Nxc5 Nxc5 13.dxc5 Nc6 14.Bb5 Qa5 15.Qd4 fxe5 16.fxe5 0-0-0 17.Bxc6 bxc6 18.g5 Bg6 19.Kd2 O monarca branco defende o peão "c" e escuda-se no bloco central de peões. Uma posição original (Mangini). Outra linha bastante ativa seria: [19.b4 Qa3 20.0-0 Be7 21.b5 de tal forma que o rei branco estaria menos exposto (Pedro Alcantara)] 19...Be7 20.b4 Qc7 21.a4 Rdf8 22.Rhf1 Qd8 23.h4 Rxf1 24.Rxf1 Rf8 25.Rb1! Sandro optou, acertadamente, ao preferir dominar a coluna "b", pois que a posse de coluna "f" pelas pretas não apresenta risco (Mangini) 25...Rf3 26.b5 Qa5 27.Kc1 O MI Herman Claudius apontou como melhor a seguinte variante: [27.bxc6 Rxe3 28.Rb5 Qxc3+ 29.Qxc3 Rxc3 30.Kxc3 Be8 31.Rb7 Bxc5 32.Rxg7 Bxc6 33.g6!] 27...Rh3 Perde um precioso tempo (Mangini) 28.Bd2 Ameaça Nxd5 28...Qd8 29.bxc6 Rh1+ 30.Kb2 Um erro de concepção. A torre deveria ser mantida para pressionar a posição inimiga.As brancas deveriam ter jogado Nd1! Ameaçando o sacrifício de torre com Rb8+, KxR seguido de Qb4+, Qb7++mate! 30...Rxb1+ 31.Kxb1 Qf8? 32.Qb4 Qf1+ 33.Kb2 Qa6 34.Nb5 Nesta posição ganhadora Sandro dispunha de um minuto para sete jogadas. Inexplicavelmente, demorou demais em fazer suas jogadas. Parecia hipnotizado pelo relógio. Fitava-o insistentemente e não jogava, o que deixou os espectadores frustrados por vê-lo perder merecido ponto. 34...Be8 35.c7

 

Sandro Trindade x Ian Wells

Nesta posição nosso jogador fez o lance tarde demais...

 

Caiu a seta das brancas. Esgotara-se seu tempo regulamentar. Nesta posição vencedora, perde pelo tempo. [35.c7 Bd7 Se ( 35...Bc6 36.Nd4! e se...; 35... Qb7 36.c6 ganhando uma peça. As trocas depois de..; 35...Bc6 36.Nd4 Qxa4 aqui, Mangini esquece que 36... Qxa4 37.Qb8+ e c8=Q++ (Pedro Alcântara) 37.Qxa4 Bxa4 38.Nxe6 Dão final ganho para as brancas (Mangini)) 36.Nd4! Kxc7 37.Qa5+ Qxa5 38.Bxa5+ Kb7 39.c6+ Bxc6 40.Nxe6 g6 41.Nf4 Be8 42.Nxd5 Bc5 43.e6 Bxa4 44.e7 Bf2 45.Nf6 Bd4+ 46.Ka3 Bxf6 47.gxf6 Be8 48.c3 Kc6 49.c4 Kd7 50.Kb3 Bf7 51.Bd2 Ke8 52.Be3 a5 53.Ka4 Bxc4 54.Kxa5 Pedro Alcântara] 0-1



Clube de Xadrez Virtual 16 de novembro de 2004.

por Pedro Alcântara

 



Assim Nascem Os Grandes Mestres - Parte II


Os Jornais




Antes que possamos acompanhar as brilhantes partidas que foram disputadas no I Torneio Peão de Ouro do Brasil, vejamos alguns artigos aqui reproduzidos dos jornais da época, fato que nos irá familiarizar com o "clima" que reinou entre os enxadristas da época ao acompanhar o inédito torneio, se bem que verdade seja dita, lidos hoje em dia percebe-se um distante conhecimento de como se passam as coisas no xadrez o que torna tais artigos mais interessantes ainda, com o jogo tratado por pessoas pouco familiarizadas com ele: um detalhe a mencionar é que os comentaristas dos boletins escolhiam a melhor partida de cada rodada, o que reproduziremos aqui.

O Globo noticiou em 14/01/1982: "Sandro derrota Zuniga e é vice-líder do Peão de Ouro" - O brasileiro Sandro Heleno Trindade derrotou ontem o campeão mundial infantil de 1980, o peruano Júlio Granda Zuniga, e ocupa agora a vice-liderança do Torneio Internacional de Xadrez Peão de Ouro, que está sendo promovido pela Fundação Roberto Marinho e IBM do Brasil no Hotel Othon, com entrada franca. Zuniga, que estava na liderança do torneio, caiu para a quinta colocação, ao lado do brasileiro Aron Correia. Os líderes, após a disputa da nona rodada, são Ian Wells, da Inglaterra, que derrotou ontem o Grande Mestre Saeed Ahmed Saeed, dos Emirados Árabes, Maxim Dlugy, dos EUA e Karl Thorsteins da Islândia; O Dia em 13/01/1982: O brasileiro Sandro Trindade obteve ontem uma boa vitória sobre o ex-campeão mundial Júlio Zuniga do Peru, na nona rodada do Torneio Internacional de Xadrez Peão de Ouro, que se disputa no Hotel Othon. Trindade, agora está em quarto lugar na competição, com 6,5 pontos. O Globo em 15/01/1982 - "Thorsteins reage, empata e é líder do Peão de Ouro - A enorme capacidade de concentração demonstrada desde o primeiro dia do torneio, levou, ontem, o islandês Karl Thorsteins a recuperar-se e empatar com o alemão Richard Lutz. Com isto, ele manteve a liderança do torneio Peão de Ouro, com 9,5 pontos, a apenas 3 rodadas do encerramento da competição. Thorsteins, de 16 anos, esteve em desvantagem desde o começo da partida com Lutz, iniciada às 8 horas, no Hotel Othon. As 13 horas, esgotado o prazo regulamentar de 300 minutos e não conhecido o vencedor, o jogo foi suspenso com um lance secreto de Lutz. Atento a todos os movimentos, o mestre internacional Herman Claudius foi taxativo: "Lutz, caso tenha feito o lance correto, dificilmente deixará de vencer". Thorsteins não acreditou e voltando no final da tarde ao tabuleiro, reverteu as expectativas, levando a partida ao empate. Este resultado, no entanto, prejudicou o brasileiro Sandro Trindade, que também está com 9,5 pontos, nas 13 partidas jogadas - mais uma do que Thorsteins - mas disputa com ele a liderança. Sandro enfrentará amanhã - hoje é dia de folga - o inglês Ian Wells. Ao brasileiro resta vencer as duas últimas partidas - joga ainda com o alemão Richard Lutz - e torcer para um tropeço de Thorsteins contra Carlos Paterson (Brasil), Saeed Ahmed (Emirados Árabes) ou Tomas Darcyl (Argentina). O Peão de Ouro, que terá 15 rodadas, é uma competição promovida pela Fundação Roberto Marinho e IBM do Brasil. Hoje todos os jovens enxadristas conhecerão o Maracaña. Ainda no mesmo artigo a entrevista com Sandro Heleno: SANDRO TRINDADE: Se for eu o ganhador, será uma zebra - Todo mundo precisa de uma profissão. A minha será a de engenheiro eletrônico ou a de analista de computação. O xadrez, até eu me formar, ficará em segundo plano. Depois eu não sei. A indecisão quanto ao xadrez é de Sandro Heleno Trindade, o brasileiro que reúne as maiores possibilidades de ficar com o título de Peão de Ouro, e que ocupa atualmente a segunda colocação na classificação geral do Torneio. - Se eu ganhar será uma autêntica zebra. Não acredito realmente que seja eu o vencedor. E, ainda mais modesto, ele diz jamais ter acreditado que Jaime Sunyê, o preparador da delegação brasileira, o tivesse apontado como um dos favoritos: "Ele não pode ter dito isto, não fui bem no treinamento de Vassouras, onde estivemos concentrados". Bem mesmo ele esteve no campeonato pan-americano de 1980, quando conquistou o título. E, melhor ainda, na estréia em competições internacionais, vencendo o World Open da Filadélfia, em 1977, na categoria Unrated. Mineiro de Belo Horizonte, Sandro começou a jogar xadrez quando mudou-se aos 10 anos para Brasília. Hoje, aos 16, ele é o campeão do Jebs e recorda-se, com carinho, de ter enfrentado o seu ídolo, o soviético Boris Spassky. - Foi quando eu tinha 13 anos e ele fez uma simultânea em Brasília. Fiquei seu fã pela forma com que jogava e, também por sua simpatia. Algo que não viu em Viktor Korchnoi, que também fez uma demonstração em Brasília. Por isto, confessa, não pôde deixar de torcer por Karpov, no último confronto entre os dois enxadristas pelo título mundial. - Mas não foi só por isto. Karpov está num nível muito acima dos demais jogadores e mereceu o bicampeonato. Mas Sandro gosta realmente é de Jaime Suniê, que ensinou-lhe táticas preciosas, as quais transmitirá ao irmão quando voltar a Brasília: o pequeno Romel, de 10 anos, único na casa que também se interessou pelo xadrez.






Clube de Xadrez Virtual 08 de novembro de 2004.


por Pedro Alcântara


ASSIM NASCEM OS GRANDES MESTRES - PARTE I


Assim Nascem Os Grandes Mestres - Parte I




Em 1982 eu vi nascer uma estrela do xadrez sul americano: Julio Granda Zuniga. Inclusive uma grata recordação para sempre: joguei uma partida relâmpago contra ele que contava com 13 anos e já era campeão peruano, porém, embora todos soubessem que ele seria um Grande Mestre no Futuro naquele momento não tinha o título ainda. Eu estava acompanhando como descreverei mais adiante a rodada do dia na ante-sala do Torneio e o garoto Zuniga, após jogar sua partida, apareceu cercado de dois acompanhantes já adultos que ou eram irmãos ou seguranças, porém com certeza aquele tipo físico e facial típico dos peruanos de origem mestiça indio/colono. Joguei com empenho, a oportunidade era única. Ele de brancas e eu de negras, naquela época eu já jogava bastante rápido o ping de 5 minutos de modos que a medida que a partida ia andando, ele ia sempre ficando melhor na posição e criando lances de ataque todo tempo, bem no seu estilo e eu para compensar, jogando o mais sólido e rápido possível, até que caiu a seta dele. Fiquei mais impressionado foi com a reação dele: bateu forte na mesa com a mão cerrada falando num dialeto difícil de entender, lógico estava xingando. Achei que iria pedir para jogar outra, porém, estava com tanta raiva que foi seguro pelos acompanhantes que pareciam querer demove-lo de jogar e sair dali e assim foi. Não tive outra chance de jogar com ele, porém, ele não deve se lembrar de mim, mas eu lembro dele, lógico... Vejamos como se passou o acontecimento: no final de 1981, dezembro para ser exato, algo que não se vê mais hoje em dia, surgiu um anúncio de meia página no jornal o Globo que dizia o seguinte: "UMA ABERTURA EM GRANDE ESTILO - Torneio Internacional Peão de Ouro" - "Dois Campeões Mundiais, um Mestre Internacional de apenas 14 anos, campeões de 11 países e a Seleção de Ouro - formada por cinco campeões brasileiros de até 17 anos - essa turma de jovens craques do xadrez disputará, de 1 a 20 de janeiro de 1982, no Rio Othon, o Torneio Internacional Peão de Ouro. A equipe brasileira está em Vassouras (RJ), sendo cuidadosamente preparada para este torneio e várias outras competições internacionais programadas para 1982. A exemplo do que aconteceu neste ano, com os "Matches Nacionais da Amizade", a atuação conjunta da IBM do Brasil e Fundação Roberto Marinho vai incrementar a temporada de xadrez." - assim colocado e no meio no anuncio uma foto do trofeu onde se lia gravado: The Gold Pawn of Brasil, ao lado esquerdo o logotipo da IBM do Brasil Ltda e do lado direito o logotipo da Fundação Roberto Marinho. Bom, todos ficamos sabendo e logicamente interessados no acontecimento, porém muito mais surpresas viriam com o tempo. Compareci a primeira rodada e a muitas outras ou quase todas, sendo que havia o detalhe: Moro a 90 quilômetros do local do jogo, porém naquela época tinha que estar no Rio a trabalho mesmo e assim foi. O Hotel Rio Othon é junto ao Copacabana Palace, sabia que o local deveria ser confortável e bem ajeitado, porém qual não foi a minha surpresa ao constatar a organização impecável do evento: a) Uma sala para quem quisesse acompanhar com camêras colocadas diretamente acima da cabeça e tabuleiros em cada partida dos 8 tabuleiros com 16 participantes! b) Um boletim que saía do forno como padaria: minutos depois de cada rodada e com comentários! Isso é impensável nos dias de hoje, em termos de Brasil, porém, acho que até para aquela época já era impressionante. Pois bem, quem eram os participantes e os comentaristas? Para não deixar de lembrar, possuo todos os boletins e todas as partidas comigo aqui, devidamente já registradas em formato pgn e base de dados no chessbase. Um detalhe ainda me vem a lembrança: nosso companheiro Renan Levy lá estava também e talvez possa colaborar com mais informações. Faziam os comentários os seguintes jogadores: Rubens Filguth (MI), Herman Claudius Van Riemsdijk (MI), Luiz Loureiro (MF), Darcy Gustavo Lima (hoje GMI naquela época, se não me engano tinha já norma de MI). Para o jornal o Globo comentava o duas vezes campeão brasileiro José Thiago Mangini. Os participantes: Os dois campeões mundiais ao qual se referia o anúncio eram Ian Wells (Inglaterra) que conseguiria terminar o torneio e iria sofrer triste acidente na praia ao final do evento, tendo ficado internado no hospital alguns dias e falecido para consternação da gente, isso dias depois de findo o Torneio, detalhe: não sei o quanto isso possa ter influenciado a promessa que constava no anúncio: "várias outras competições internacionais, programadas para 1982" o outro era provavelmente o jogador dos Emirados Árabes Saeed Ahmed Saeed, um garoto que já era então Mestre Internacional. Outros destaques: - o jovem Julio Granda Zuniga, considerado um gênio, uma vez que nunca tinha estudado xadrez e jogava as aberturas de modo criativo, nada que constasse em livros, os quais ele não tinha. - Maxim Dlugy era uma outra revelação muito forte vindo dos Estados Unidos - Karl Thorsteins vindo da Islandia, país com tradição no xadrez haviam patrocinado o match de Spassky x Fischer em 1972 - Horst Lutz da Alemanha Ocidental muito forte jogador depois MI - Srdjan Zakic da Iugoslávia - Alex Kuznevoc do Canadá - Abraham Bettsak do Panamá (este seria uma surpresa inversa) - Thomas Darcyl da Argentina. Os Brasileiros, lembro-me que pelo menos dois se tornaram Mestres Internacionais: Sando Heleno Trindade de Brasília e Ivan de Souza, naquela época não eram MIs, Aron Correa, tenho que verificar se tem o título de MI, Carlos Paterson, Milton Braitt e Gueber Carvalho fechavam a "Equipe de Ouro do Brasil" que havia treinado dias em Vassouras para o Torneio. Todos estes eram "apenas garotos" porém, estamos iniciando a narrativa de como estes "garotos" se enfrentaram no mais forte Torneio já realizado para a idade deles, como foram as partidas, como tudo se passou e qual foi o destino deles, já passados 22 anos daquele histórico evento e quase esquecido nos dias de hoje..."



FATORES QUE DETERMINAM O CARATER DE UMA POSIÇÃO


Alguns dos fatôres que determinam o caráter da posição são permanentes, outros, temporários.Um fator permanente de importância é o da qualidade e posição dos peões, pois êstes não podem, em contraste com as peças , serem transferidos de uma ala do tabuleiro para outra; posições de peões , como regra , alteram-se gradativamente, enquanto que as peças na maioria dos casos podem mudar de colocação sem dificuldades.Como consequencia, temos a aparente contradição de que os peões, a despeito de seu valor relativamente pequeno são os que determinam , em grande proporção, o caráter de uma posição dada.Outros valores permanentes são superioridade material , e em muitos casos, as posições dos reis.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O CARÁTER DA POSIÇÃO E A ESCOLHA DO PLANO


A escolha do plano depende, em qualquer caso , da posição concreta no tabuleiro, deve, portanto, corresponder a esta posição.Julgar uma posisão corretamente e reconhecer suas peculiaridades é um pré-requisito ao encontro de um plano estratégico aceitável.Devemos, portanto, indagar quais os fatores que determinam o caráter de uma posição, e qual o plano estatégico a ser daí deduzido.Naturalmente , a resposta não pode ser dada de forma simples , ela corresponde a questão básica , concernente a totalidade da teoria relacionada a estratégia do jogo, materia muito vasta.Podemos , entretanto , abreviadamente indicar que o caráter de uma posição é determinado pelos seguintes fatores:

1.Relação material, isto é, igualdade material ou superioridade material de um dos lados.

2.O poder de cada peça.

3.A qualidade de cada peão.

4.A posição dos peões, isto é, sua estrutura.

5.A posição dos reis.

6.Cooperação entre peças e peões.


Existem dois tipos de fatores que determinam o caráter da posição: permanentes ou temporários.

Amanhã falaremos sobre esta ideia mui interessante

sexta-feira, 20 de março de 2009

O QUE ACONTECEU NA PARTIDA ABAIXO?

Uma vez , por volta de 1970, diversos mestres brasileiros, incluindo também um Mestre Internacional analisavam a partida jogada pelo brasileiro Henrique Mecking (de negras) contra Lev Polugaevsky(brancas), eles estavam curiosos sobre a situação criada na partida que dificilmente terminaria em empate.Foi então que um "peru" resolveu externar também o seu ponto de vista.Como se tratava de um aficionado de TERCEIRA categoria , essa interferencia foi considerada um verdadeira afronta e imperdoável sacrilégio, razão por que foi prontamente rejeitada.Não satisfeito em ser posto de lado, o "peru" insistiu em meter o bedelho.Com o intuito de afastar de vez o intrometido os experts resolveram provar o erro da sugestão. Pouco a pouco foram vendo que a proposta do "peru" não era assim tão simples de refutar e depois de muito esforço acabaram confessando que ele estava certo !! No diagrama a abaixo, a posição crítica...Neste momento o gm brasileiro continuou de forma automática com 38....Tf5? não percebendo que depois de 38....d5!! as brancas ficariam em dificuldades insuperáveis pou causa da dupla ameaça 39...Bxa3 e 39...Txg5+ ganhando a dama branca.
E o mais curioso desta historia toda é que esta partida foi divulgada no mundo todo, sem que tenha sido mencionado o lance 38....d5

(260) Polugaevsky,L - Mecking,H [A17]
Palma de Mallorca Interzonal Palma de Mallorca (1), 09.11.1970


1.c4 Cf6 2.Cc3 e6 3.Cf3 b6 4.e4 Ab7 5.d3 d6 6.g3 Ae7 7.Ag2 0-0 8.0-0 c5 9.Te1 Cc6 10.d4 cxd4 11.Cxd4 Cxd4 12.Dxd4 Tb8 13.b3 Dc7 14.Ab2 Tfd8 15.Tad1 Ac6 16.De3 a6 17.De2 Af8 18.a4 Cd7 19.h4 Db7 20.Af1 Cc5 21.Dc2 Cd7 22.Td2 Cf6 23.Dd3 Ta8 24.Ag2 Cd7 25.b4 Dc7 26.f4 a5 27.b5 Ab7 28.Aa3 Tac8 29.Af1 Cf6 30.Ted1 Td7 31.De3 Tcd8 32.Ae2 h6 33.g4 Ce8 34.g5 g6 35.f5 exf5 36.exf5 Te7 37.Df4 Te5 38.f6 Diagrama





38...Tf5 [ 38...d5! 39.Cxd5 Axd5 40.Dh2 Axa3] 39.Dg3 h5 40.Cd5 Axd5 41.Txd5 Txd5 42.Txd5 Dc8 43.Td2 Cc7 44.Af1 Ce6 45.Df3 Cc5 46.Ah3 Dc7 47.Dc6 Db8 48.Axc5 dxc5 49.Txd8 Dxd8 50.Ad7 Db8 51.De4 Dd6 52.Ac6 Dd1+ 1/2-1/2

quarta-feira, 18 de março de 2009

O PLANO DE JOGO


O Plano de jogo a um dado momento da partida é chamado de plano estratégico; A maneira como é estabelecido, o conjunto de princípios que seguimos em sua determinação, conhece-se como estratégia.Estes têrmos, e outros tais como alvo estratégico e tática , têm em xadrez o mesmo significado que o utilizado no campo militar , no político, etc.

Deve-se ter em mente que o alvo estratégico em qualquer partida, era primitivamente a imposição de xeque-mate ao Rei adversário; e tal compreensão superficial da estratégia prevaleceu nos primórdios do xadrez moderno.Atualmente , entretatno, aperfeiçoou-se a técnica e as ideias tornaram-se mais profundas.Nas partidas de bons jogadores , nem mesmo o simples ganho de um peão debilitado se nos apresenta frequentemente , como o alvo estratégico ; é mais comum que acirrada luta se efetue pela obtenção de pequena vantagem posicional - tais como o contrôle de um coluna aberta , o enfraquecimento de um peão adversário , ou a criação de um peão passado.

Não é necessário acrescentar que os melhores planos dão em nada se não são conduzidos adequadamente; isto aplica-se ao xadrez como a tudo o mais. A coleção de medidas de métodos para execução do plano estratégico próprio ou inutilização do correspondente plano inimigo, chama-se tática.A este campo pertencem manobras , combinações e sacrifícios, assim como ataque duplo, pregadura, xeque-descoberto, ciladas, etc.Lidar pormenorizadamente com estes conceitos não é , entretanto algo que possa ser feito com rapidez , só com estudo contínuo das partidas dos mestres e das próprios se pode obte-lo.

terça-feira, 17 de março de 2009

ESTRATEGIA E TATICA

Opinião largamente difundida diz que a diferença entre o enxadrista categorizado e o principiante se radica na maior amplitude com que o primeiro pode calcular; e a questaão de saber-se quantos lances adiante um Grande Mestre prevê, torna-se a pedra de toque em tal argumento.A habilidade de calcular corretamente é, sem dúvida, necessária a um enxadrista de categoria, mas não é a única, e certamente não é a diferença mais importante entre um mestre e um jogador comum.Há muitos enxadristas que possuem excelente domínio na arte de combinações , mas que nunca alcançarão a força do mestre:falta-lhes a capacidade de conduzir a partida como um todo, baseados em um plano adequado préviamente estabelecido.O cálculo de variantes particulares só é possível e necessário, em certas posições claramente definidas ; na maior parte dos casos o próprio plano geral encarrega-se de indicar-nos o lance.

sábado, 14 de março de 2009

O xadrez como disciplina

O jogo de xadrez é uma forma muito boa de disciplinar sua vida , atráves de alguns elementos presentes em toda partida:
planejar seus movimentos
calcular a consequencia deles
planejar os movimentos do adversario e calcular do que ele pode fazer no tabuleiro
as fases da partida
iniicio - infancia
meio - juventude
final - idade madura e idoso
Há, lógicamente muitos outros pontos em comum com a propria vida e quando se utiliza este conhecimento principalmente na adolescencia, em alta porcentagem o xadrez conduz a pessoa a pensar em seus atos na propria vida.

sexta-feira, 13 de março de 2009



Isto foi do tempo mais acirrado, parece que está havendo uma renovação enorme de enxadristas, mas permanece a "não renovação ao incentivo dos jogadores do nobre jogo"

Uma partida muito interessante

 Bruno Wilbert (1900) - Agostinho Arruda [A00]
Semi final XXIX Petropolitano (7), 16.10.2005



1.d4 e6 2.c4 Cf6 3.g3 d5 4.Ag2 c6 5.Cf3 Ab4+ 6.Cbd2 dxc4 7.0-0 c3
Diagrama Este lance de Agostinho retém o peão , mas tem o defeito de atrasar o desenvolvimento. A teoria diz que melhor é [ 7...b5 8.b3 cxb3 9.Dxb3 a5 10.Dd3 Cd5= ]

8.Cc4 cxb2 9.Axb2 0-0 10.Db3 Ae7 11.Tfd1N
Diagrama [ RR 11.a4 Ce4 12.Cfe5 Cd6 13.Tfd1 Dc7 14.Tac1 Cxc4 15.Cxc4 Td8 16.e4 Af6 17.Ac3 Ca6 18.d5 Axc3 19.d6 Txd6 20.Cxd6 Ae5 21.Cc4 Af6 22.e5 Cc5 23.Db4 Ae7 24.Cd6 b6 25.Txc5 bxc5 Tsorbatzoglou,T-Stanojoski,Z/Kavala 1996/EXT 2003/0-1 (55)]

11...Cbd7 12.Cfe5
Diagrama Neste momento, o peão a menos está compensado pelo desenvolvimento

12...Dc7
Para tornar as peças menos "engessadas" seria interessante buscar movimentação com: [ 12...Cd5 13.e4 C5b6 14.Cxb6 Dxb6 ]

13.Cxd7
Diagrama A troca dos cavalos é um bom conceito, porque diz a teoria: em posições com peões semi-cerrados ou fixos , o cavalo trabalha melhor, daí que um cavalo colocado em e5 e levado para a ala do rei terá melhor efeito para o ataque.

13...Axd7
Melhor seria vigiar a entrada do outro cavalo com: [ 13...Cxd7 14.Aa3 Dd8 15.Tab1 Cb6 16.Ac5 Cxc4 uma troca de grande utilidade se conseguida...]

14.Tac1 Tac8
É possível que Bruno tenha começado a gostar do jogo aqui , porque Agostinho passa muito tempo preparando futuras rupturas que podem acabar não ocorrendo devido a boa coloação das peças brancas, mas o jogo ainda está equilibrado [ 14...a5 15.Aa3 Ab4 16.Ce5 Ac8 17.Axb4 axb4 18.Td2 Da5 ]

15.e4 Db8 16.Ce5 Tfd8 17.Df3 Ae8
Diagrama Com todos os detalhes já vistos, o branco não encontrou o caminho para furar o bloqueio , de modos que o negro está ligeiramente melhor, porém passivo ainda.

18.Ah3 Tc7
Mais um lance preparativo.Não é mal, mas ainda não luta pela iniciativa.Como diria Capablanca , a iniciativa pode ser decisiva. [ 18...Cd7!? 19.Cc4 b5 20.Ce3 a6 ]

19.Tc4
Diagrama Não há nada ali, mas Bruno parece querer deter "c5" melhor reposicionar com Ag2, acaba que não segura "c5" a ruptura tema, que afinal Agostinho parece estar com o olho fixo na ala do rei e esquece o resto do tabuleiro.Aqui temos que fazer uma reflexão: Se o roque está totalmente defendido e não há debilidades, é hora do contra ataque! se não contra ataca, o que fará para se apossar da iniciativa?

19...Af8?!
Diagrama [ 19...c5! 20.d5 única variante ativa do branco... ( 20.dxc5 Txd1+ 21.Dxd1 Ab5 22.Tc1 Txc5 e o negro começa a reação...) 20...exd5 21.exd5 b5 22.Tcc1 Db6 Diagrama o negro quedou melhor, com as peças já se soltando e todas coordenadas , tudo isso somado ao peão a mais....]

20.Tdc1 Cd7!
Diagrama Um bom lance de Agostinho, expulsando o cavalo branco de "e5"

21.d5?
Diagrama fica em posição dificil.Melhor seria [ 21.Cd3 Tcc8 22.Ag2 reagrupando...]

21...Cb6!?
pode ter efeito semelhante a linha mostrada adiante...mas é menos claro devido ao lance que Bruno jogou que tem um efeito visual mais impressionante , mas como diria Fischer: "tudo fogo de artifício" [ 21...exd5! 22.exd5 Cb6 Diagrama refutando o ataque branco, por exemplo: 23.Th4 Ae7 24.Td4 Cxd5 25.Tcd1 b5 a iniciativa passa para o negro...]

22.dxe6! f6
Diagrama

23.Cg4
jogando no possivel erro do adversário, se este erro não vier, o desastre branco será inevitável.Melhor seria: [ 23.Cd7 Cxd7 24.exd7 Axd7 25.Af5! ]

23...Cxc4!
As negras estão com posição vencedora.Será apenas necessário jogar com energia e frieza...

24.Txc4
Diagrama

24...Ae7
muita espera, melhor seria: [ 24...b5!? 25.Tc1 ( 25.Cxf6+ gxf6-+ ) 25...c5 ( 25...Ag6 26.e5 f5 27.Cf6+ gxf6 28.exf6 Td2 29.f7+ Axf7 30.exf7+ Txf7 31.Dc3 Txb2 32.Dxb2 Dd6=/+ ) 26.Df4 Tb7 Esta é a linha principal, porém , nota-se que achar tudo no tabuleiro com o relógio apertando não é tarefa das mais simples.De modos que a recomendação é: em torneios de partidas com tempo nocaute melhor é jogar dentro dos temas principais e evitar linhas táticas, campo favorito do condutor das brancas.Uma psicologia para cada adversário.; 24...Ag6 25.e5 Td3 ( 25...b5 26.Cxf6+ gxf6 ( 26...Rh8! 27.Th4 ) 27.exf6 bxc4 28.f7+ Txf7 29.exf7+ Axf7 30.Df6 ( 30.Dg4+ Ag6 31.De6+ Af7 32.Dg4+= ) 30...Td1+ 31.Af1 c3 32.Dxc3 Txf1+ 33.Rxf1 Db5+ 34.Rg1 Axa2 ) 26.De2 b5 27.Tf4 h5 28.exf6!+- ]

25.e5! f5
Diagrama nota-se que a posição foi-se abrindo como convinha a concentração de peças brancas, mas já estamos no terreno de oportunidades desperdiçadas como no caso do lance 19 do negro....Nesta posição quase todas as linhas davam vantagem ao branco... [ 25...fxe5 26.Axe5 Ad6 ]

26.Dxf5??
Um erro.Deriva do excesso de otimismo com a posição.Melhor seria: [ 26.Cf6+! gxf6 27.exf6 Axf6 28.Axf6 vencendo....]

26...Ag6
Outro lance bom seria: [ 26...Td1+ 27.Af1 ( 27.Rg2 b5 28.Tc3 b4 29.Tb3 Ag6 vencendo o negro) 27...b5 28.Tc1 Txc1 29.Axc1 Ag6 esvaziando o ataque e tomando a iniciativa...o negro tem posição de vitoria]

27.Df4 b5
[ 27...Td1+ 28.Rg2 b5 29.Cf6+ Rh8 30.Tc1 ( 30.Af5 bxc4 31.Axg6 Dxb2 ) 30...Txc1 31.Axc1 Dd8 32.Cd7 c5 33.Af5 Axf5 34.Dxf5 c4-/+ ]

28.Tc1
Diagrama

28...Tf8??
Neste momento , Agostinho cometeu um erro fatal , por não observar atentamente a posição, justo quando ele tinha muito mais tempo que o adversário, como costuma acontecer muito amíude em tais situações.Com: [ 28...Tcc8! não seria possivel romper com o cavalo porque: 29.Cf6+ gxf6 30.exf6 Dxf4 31.gxf4 Td2 32.fxe7 Txb2 vencendo....]

29.Cf6+!!
Diagrama Bruno também não tem outra saída senão jogar atacando pois para isso montou todo o aparato, então os bons lances vão surgindo por si só.

29...Rh8
menos pior parece ser: [ 29...gxf6 30.exf6 Axf6 31.Axf6 Tcc8 32.Dg5 Txf6 33.Dxf6 Dd6 mas a posição já está perdida....]

30.Af5!+-
Diagrama agora , não há mais lances possiveis de conter a avalanche, vejamos....

30...Dd8
[ 30...Axf5 31.Dxf5 g6 32.Dh3 h5 ( 32...Axf6 33.exf6 Tcf7 34.exf7 ganhando....) 33.g4 ]

31.Axg6 Axf6
[ 31...hxg6 32.Dh4# ]

32.exf6 gxf6 33.Af7 Tcxf7 34.exf7 Txf7 35.Txc6 Dd1+ 36.Rg2 Dd5+ 37.Df3 Dxf3+ 38.Rxf3 Rg7 39.Txf6 Txf6+ 40.Re4 Rf7 41.Axf6 Rxf6 42.Rd5
uma partida que demonstra que lutar pela iniciativa vale a pena 1-0

 

 

quarta-feira, 11 de março de 2009

Prezados enxadristas, hoje venho aqui para dizer que o xadrez nacional não tem recebido incentivo de espécie alguma nos ultimos 30 anos ou para colocar melhor, nunca recebeu nenhum incentivo por parte do governo !! do blog de Juiz de Fora resolvi colocar aqui um pedacinho desta triste situação:Salve Pedro.... não entendi muito sua msg, LOGICO ENTENDI QUE VIU MEU MODESTO BLOG E VI QUE ME ENVIOU O ENDEREÇO DO SEU QUE ACHEI INTERESSANTE. Ja nos teclamos no passado e na ocasiao, parece ate se falou algo em um intercambio entre Petropolis e Juiz de Fora. Estive numa ousadia minha, uns 4 a 5 meses em Juiz de Fora, fim de 2006 principio de 2007 com meu filho Pedro. Fomos de mudança mas infelizmente não conseguimos, acabamos voltando.LAMENTAVELMENTE, JUIZ DE FORA É MUITO COMPLICADA.Sou pai do Marcelo Moura, ja lhe disse e parece que na ocasiao vc teria dito algo sobre partidas suas contra jogadores de JF. Leandro Campelo por ex, tratou de cuidar da vida e se mandou, mora no estado de Sao Paulo. Confesso, estou no limite, nao creio, principalmente pela distancia que me encontro da cidade, que consigo realizar mais nada. Vinha ha anos tentando montar um banco de dados de jogadores, tenho o orkut pessoal, montei um site e depois esse blog, enfim, NUNCA RECEBI UMA PALAVRA DE APOIO OU ALGUEM SE MANIFESTANDO EM AJUDAR. É de desaninar. Certa ocasiao vi que a pagina do Xadrez de Petropolis tambem desatualizada etc.... problemas devem ser comuns. NAO JOGO MAS SOU APAIXONADO PELO XADREZ. Mesmo meu filho mais novo, o Pedro, tendo desanimado e POR INCRIVEL QUE PAREÇA DEPOIS QUE VOLTOU DE JUIZ DE FORA, COM O VIRUS DO DESANIMO, CERTAMENTE ADQUIRIDO LA, perdeu o interesse, mas jogou um torneio em Washington USA em dezembro passado. Ele foi campeao brasileiro sub 12 e 14 em 2003 e 2005. Nesse ultimo ano jogou o Panamericano de categorias, no caso sub14 e um mes apos ter sido campeao brasileiro, foi a Belfort na França e ficou na sua categoria, com a mesma pontuaçao de Diamant na sub16 e Fier na sub18. Todos fizeram 5,5 em 11 possiveis. O campeao na categoria do Pedro, fez 9. Um vietnamita. Por tudo isso, fiquei muito triste com sua parada por um ano e depois com uma volta muito discreta, sem ritmo e sem vibração.Mesmo assim, separei esse lado e me dedicava H24 a pagina, ao banco de dados ME DOANDO COMPLETAMENTE. Sem retorno, venho desanimando e agora diria, se PARAR, NAO É MAIS COMO ESTAVA SENDO, PARAREI DE VEZ.Mas confesso, é bom receber um contato de um enxadrista.Marcelo, faz tempo, se desligou de competiçoes e a premiaçao do mineiro e duraçao do mesmo, foram fundamentais para nao participar. Mesmo sabendo ele que nao teria mais condiçoes de disputar titulo. Mas como disse, o campeao, iria ter uma despesa muito maior que a a premiaçao. Como disse, ja fiz isso muito.Procurei msg sua no Orkut, vi que o email nada tinha a ver.. por isso fiquei confuso.Procurei tambem se havia feito algum comentario no blog mas creio que nao, alias, ninguem em JF diz nada. Dias atras meu moral em relação a entusiasmo, se elevou em virtude de um comentario de um enxadrista de BH, em relação a minha postagem quando cito o homenageado quando realizei o classificatorio para o mineiro la em JF.Torneio oficial que nao se realizava ha 20 anos na cidade, sao só torneiso esporadicos locais, quem nem na cidade, fica-se sabendoMas é isso...... lhe deixo um abraçoEurico Moura,62Maringá PR

terça-feira, 10 de março de 2009

recebido hoje do jogador Henrique Mello partida disputada por ele para analise aqui no blog, uma proposta interessante: vejam a partida de forma por extenso (tirar um tempinho para isto é que é duro, mas a curiosidade pode ajudar) para depois sabermos como foi ela de forma ANALISADA[Event "m1224103184"]
[Site "net-chess.com"]
[White "henriquemelo"]
[Black "cindya"]
[Result "1-0"]
[Game "g1104939923"]

1.c4 c5 2.Nb1c3 Nb8c6 3.Ng1f3 d6 4.e3 Ng8f6 5.d4 cxd4 6.exd4
Bc8g4 7.Bf1e2 Qd8b6 8.d5 Bg4xf3 9.Be2xf3 Nc6d4 10.O-O g6 11.Bc1e3
Nd4xf3 12.Qd1xf3 Qb6xb2 13.Nc3b5 Ra8c8 14.Be3d4 Qb2b4 15.Ra1b1
Qb4xc4 16.Nb5xd6 exd6 17.Rf1e1 Bf8e7 18.Re1xe7 Ke8xe7 19.Qf3xf6
Ke7d7 20.Qf6xf7 Kd7d8 21.Bd4f6 {Checkmate} 1-0

Quando um rei leva mate, a partida está terminada, cabendo a vitória ao jogadorque deu o golpe final. A razão precípua do jogo de xadrez é, consequentemente , dar xeque-mate ao rei adversário.Todavia , a partida pode terminar sem este final tão ambicionado.O jogador , que percebe ser o mate inevitável , costuma, elegantemente , abandonar a partida.O mesmo sucede quando há desnível acentuado de material, não havendo possibilidades de continuar a partida.Há exemplos numerosos de enxadristas , que , precipitadamente, inclusive mestres!! que abandonam partidas em que tinham vantagem decisiva e não perceberam isto, ou poderiam alcançar primeiramente o mate!! coisas do jogo que é" muita ciência para ser um jogo e muito jogo para ser uma ciência"

segunda-feira, 9 de março de 2009

Bom dia amigos,
Tenho feito uma boa pesquisa sobre xadrez e tenho cá comigo bons arquivos de livros sobre xadrez.Para quem deseja apreender , eu disse APREENDER a lógica inexorável do jogo, eu aconselho o Livro Jogo de Posição do Grande Mestre Eliskases escrito no ano de 1943, pelo que pude comparar as análises simples feitas pelo mestre Eliskases contra a lógica dos engines em (engines são programas de computador para análise) ele foi sem dúvida um dos melhores analistas que o xadrez conheceu, tendo sido o segundo (uma espécie de técnico) do Grande Mestre Max Euwe no match contra Alekhine.
Para aqueles que postarem partidas para analise no blog enviarei o livro todo em portugues e formato chessbase (pode ser aberto no chessbase light-gratuito em www.chessbase.com
até o próximo post

sábado, 7 de março de 2009

Prezados amigos enxadristas,
continuamos aguardando o envio de partidas para analise e publicação neste blog.Retorno hoje mesmo

abraço a todos

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ola amigos, neste espaço vamos concentrar as analises de partidas com tabuleiro enviadas por voces e comentadas por mim, sempre achei que a melhor forma de aprender é através de nosso proprio jogo , mesmo quando muitos alunos meus sempre me perguntam : qual melhor livro para se progredir no xadrez?
Inda que respondendo ao apelo e indicando dois ou tres livros , eu sempre fui a favor de juntar toda aquela teoria à pratica, de modos que voces podem mandar partidas suas para mim e imediatamente irei selecionando partidas para sempre postadas aqui com comentarios.Para terem um exemplo , vejam neste link:
http://www.cxv.com.br/java/teoria/pedroagostinho2005.htm

Mandem suas partidas para o email alcantxz@gmail.com